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Gestão das relações
públicas
A implementação
de uma campanha, programa ou acção de relações
públicas não pode ser feita de uma forma
facilitista, imediata e intuitiva à semelhança
das abordagens "seat-of-the-pants" praticadas
por alguns profissionais de relações públicas.
É óbvio que, em certos casos, as condições
financeiras, técnicas e de recursos humanos tornam
a implementação imediata quase inevitável.
Muitos Gabinetes de Relações Públicas
(in-house departments) estão subordinados aos constrangimentos
da organização que os obriga a gerir assuntos
de expediente. Noutros casos, é a falta de recursos
humanos e financeiros que inviabiliza um trabalho verdadeiramente
profissional. Noutras situações, é
a falta de formação específica em
RP que dificulta a prática de relações
públicas efectivas. Mas mesmo nestas condições
adversas, o profissional de RP deve esforçar-se
por ser um verdadeiro profissional procurando uma rigorosa
análise situacional, planeamento, implementação
e avaliação, isto é, praticar relações
públicas efectivas.
"Isso é teoria! A prática é
completamente diferente! Os ditames das rotinas produtivas
e a falta de tempo inviabilizam soluções
que incorporem princípios teóricos!"
Estas três afirmações são partilhadas
pelos defensores de uma visão eminentemente "prática"
das RP. Procurarei rebater estes argumentos.
1. A teoria, nas áreas da comunicação
aplicada (jornalismo, relações públicas,
publicidade, marketing, design, audiovisual), não
se encontra separada da prática, mas sim numa relação
recíproca inevitável. É claro que
certos princípios podem ser apenas conceptualizados
sem o recurso a casos concretos. Mas na maioria das situações,
a teoria fornece um enquadramento conceptual que a prática
implementa (experimentação) e cujos resultados
poderão ajudar à (re)formulação
de novas hipóteses e experiências contribuindo,
inclusivamente, para a redefinição da teoria.
2. As rotinas produtivas não se executam ao acaso,
ao sabor da intuição e de forma estritamente
subjectiva. Pelo contrário, qualquer actividade
profissional pressupõe regras. O cumprimento destas
regras, definidas no quadro das organizações
corporativas e académicas, determina o grau de
competência ou incompetência dos profissionais
envolvidos. Esta é a característica distintiva
entre um ofício (tarefa) e uma profissão.
Contrariamente ao ofício que é praticado
de uma forma livre e sem monitorização do
conhecimento, exigindo apenas um saber como (know how),
a profissão exige para além do saber como
um saber porquê (know why). A actividade profissional
encontra-se legitimada pela lei, pelo desempenho corporativo,
reconhecido no âmbito de associações,
sindicatos e ordens, e pela investigação
técnica e científica (caso exista).
3. A falta de tempo nunca pode ser a desculpa tradicional.
Para existir falta de tempo há três condicionantes:
a instituição não tem recursos humanos,
financeiros e técnicos suficientes; a instituição
não aposta nas relações públicas
efectivas, correndo o risco do fracasso de uma comunicação
escassamente preparada em termos de análise situacional,
planeamento e avaliação; a instituição
aposta num trabalho autodidacta, imediato e amador, sem
recurso aos ditames teórico-práticos da
actividade profissional de RP.
4. Sempre que a falta de tempo for o motivo das acções
"seat-of-the-pants", a organização
deverá repensar as vantagens e as desvantagens
do trabalho imediato. Deste modo, é importante
estabelecer um interface conciliador entre teoria e prática.
As abordagens "seat-of-the-pants" têm
a desvantagem de uma insuficiente ou inexistente prática
de relações públicas efectivas, mas
podem ser uma alternativa quando se pretende uma resposta
rápida. A questão está em avaliar
os benefícios das relações públicas
efectivas, em função dos recursos humanos,
financeiros e técnicos da organização.
Existe um dado inequívoco: um trabalho feito num
mês tem maiores possibilidades de sucesso e de credibilidade
profissional do que um trabalho feito num dia.
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