Amélia Nunes tirou o mestrado na Faculdade de Medicina de Lisboa
Estudo prático numa população de doentes
Métodos físicos avaliam controlo motor

Docente da UBI utiliza uma técnica recente no estudo dos músculos. Uma ligação entre a física e a medicina no intuito descobrir soluções para uma disfunção motora específica.


Por Catarina Rodrigues


Amélia Nunes, docente no Departamento de Física da UBI, apresentou uma tese de mestrado sobre neurociências, na Faculdade de Medicina de Lisboa. A realização do trabalho baseou-se no estudo prático de uma população de doentes com problemas musculares.
A ligação entre a física e a medicina foi uma constante. Amélia Nunes utilizou uma técnica muito recente que ainda não é universalmente aceite no estudo dos músculos. A esclerose lateral amiotrófica, mais conhecida como doença do primeiro neurónio foi o caso estudado. A docente da UBI explica que "os estudos tradicionais baseiam-se no estímulo eléctrico da actividade muscular e este trabalho recorreu à estimulação, não eléctrica, mas sim magnética".
O primeiro passo foi estimular no córtex a área que à partida é responsável pela actividade de um músculo em específico. Esta técnica permitiu estudar tempos de resposta, desde que o estímulo é dado até que o músculo entra em acção, a velocidade de condução e uma série de outros parâmetros considerados importantes para a análise.
Amélia Nunes explica que "o estudo foi efectuado em dois momentos distintos". Os doentes entravam na investigação assim que o médico dava o diagnóstico da doença. Depois passava a ser feita uma medicação fornecida pela própria faculdade. A docente da UBI sublinha que "o fármaco utilizado ainda não revelou a eliminação do problema, mas atenua os seus efeitos e ajuda a melhorar a qualidade de vida". Trata-se se uma doença com consequências muito críticas. Dois ou três anos depois de detectada os doentes morrem por insuficiência respiratória. O problema afecta os músculos respiratórios, o doente asfixia e acaba por não resistir.
A autora deste estudo assegura que se trata de um trabalho importante para a medicina porque foram encontrados alguns resultados diferentes do que era esperado. Contradizem um pouco o que a literatura diz até à data", acrescenta. Amélia Nunes apresentou a tese no dia 5 de Setembro. Muito bom foi o valor atribuído a este trabalho proposto para publicação numa revista científica.