António Fidalgo
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Critérios de escolha
Desde sábado que sabemos
como foram as colocações este ano no ensino
superior público, os cursos que encheram e os que
ficaram a zero, as escolas que ficaram à frente
e as que ficaram atrás na disputa pelos alunos.
O que leva um jovem a escolher este curso ou aquele, a
escolher esta universidade ou aquela? Que critérios
de escolha tem esse jovem?
Qualquer curso da área da saúde, com a medicina
evidentemente à cabeça, é um curso
procurado à partida por muitos jovens e com boas
notas. O êxito é de tal modo garantido que
agora aparecem os cursos de engenharia da saúde,
atraindo pela palavra saúde o que afastam com o
termo engenharia. Os cursos de farmácia enchem,
os de bioquímica também, os de medicina
dentária idem, ainda que com a mais que visível
inflação de licenciados e respectivo desemprego
daqui a alguns anos.
Também em voga estão os cursos de turismo
e lazer. Porque será? A vocação de
sermos os futuros criados da Europa? Faltam candidatos
para os cursos duros, línguas clássicas,
matemáticas, físicas e engenharias. Em Portugal
estuda-se pouco e esses cursos exigem estudo. É
a arrepiante queda lusa para o facilitismo.
Seguramente será esse facilitismo que leva os estudantes
a escolherem a universidade ao pé da porta, independentemente
do valor da instituição ou do curso em que
ingressam. Um bom estudante da área do Porto tenta
ingressar num curso da Universidade do Porto, um de Lisboa
num de uma das universidades de Lisboa. Analisam a qualidade
do curso? Na maioria dos casos, não. Veja-se o
que acontece com novos cursos em universidades de Lisboa
ou do Porto que enchem logo com notas superiores a cursos
já avaliados e com créditos firmados de
universidades do interior. Nos Estados Unidos por exemplo
os alunos procuram os melhores cursos pelo país
fora, por vezes a milhares de quilómetros; infelizmente
em Portugal prefere-se escolher um curso de pior qualidade
desde que se possa usufruir dos mimos da mãezinha.
Falta a cultura da concorrência porque falta a cultura
da excelência. É pena que os estudantes,
e pais, não tenham melhores critérios de
selecção dos cursos.
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