"Toda a política do Governo orienta-se no
sentido de minar os laços de solidariedade que
devem existir entre os trabalhadores". É com
esta declaração que Luís Garra justifica
a necessidade da intensificação da luta
que a União dos Sindicatos de Castelo Branco (USCB)
começou a levar a cabo na última quarta-feira,
18, com um plenário distrital de dirigentes, trabalhadores
e delegados sindicais, realizado no GER Campos Melo.
A apreciação do pacote laboral, contra-reforma
da Segurança Social, privatização
da saúde, em especial do Hospital Amato Lusitano
e Centro Hospitalar Cova da Beira, " é meio
caminho para a aplicação da velha máxima
de quem quer saúde, paga-a". A crescente elitização
do ensino e a contínua degradação
dos salários reais dos trabalhadores são
as questões com as quais o Sindicato também
vai ter que "combater". Foram estas as conclusões
saídas da primeira reunião de direcção
da USCB/CGTP-IN depois das férias, realizada na
quarta-feira passada, 11.
Já na próxima segunda-feira, 23, o movimento
sindical de Castelo Branco entrega na Assembleia da Republica
os pareceres aprovados pelos trabalhadores sobre a contra-reforma
da Segurança Social. A 1 de Outubro realiza-se
um "cordão humano" pela solidariedade
e trabalho com direitos, que vai percorrer a Covilhã,
Belmonte, Fundão, Castelo Branco e Tortosendo.
Na segunda semana do mês que vem, são entregue
na residência oficial do Primeiro-Ministro e na
Assembleia da República as assinaturas recolhidas
exigindo um Plano de Emergência para o distrito
de Castelo Branco. Estas acções "servem
para travar a ofensiva do Governo, que abriu fogo em várias
frentes". As "baterias" dos sindicalistas
também são apontadas à Inspecção
do Trabalho, "que não funciona", e tribunais
judiciais, "que demoram, retardam e não actuam".
A greve geral que paira sobre o País também
não foi posta de lado. No entanto, Luís
Garra defende que "os primeiros passos deverão
ser acções de esclarecimento para que os
trabalhadores fiquem informados da situação
económica e social do Distrito".
Mil e 900 trabalhadores sem salários
De acordo com Luís Garra, existem no Distrito mil
e 900 trabalhadores que ainda não receberam os
seus ordenados relativos ao mês de Agosto. Este
número incluiu operários que ainda laboram
e outros cujo as empresas fecharam portas. O sindicalista
não adianta nomes onde esta situação
acontece, mas não esconde que "antes das férias
já era previsível que algumas empresas viessem
a encerrar". E a previsão confirmou-se com
o fecho da Stargo (Tortosendo) e Vaz Morão (Belmonte).
Relativamente a esta última fábrica, o coordenador
da União de Sindicatos é peremptório:
"A pessoa à frente da empresa optou pela linha
da indignidade, de golpe para substrair aos trabalhadores
dinheiro que lhes pertencia". E prossegue: "Situações
destas só se compreendem porque estamos numa 'república
das bananas'", fazendo uma clara alusão à
Stargo.
Quanto ao pagamento dos créditos reclamados em
tribunal pelos trabalhadores de várias empresas
que encerraram, entre as quais a Fiação
Fiacove, Sá Pessoa Irmãos e Vameca (ver
edição do NC de 31 de Maio), segundo Luís
Garra, os 18 operários da Têxtil Cravinos
já receberam os mais de 267 mil euros que a empresa
lhes devia. Também a indeminização
da José Santos Pinto, no valor de quase 300 mil
euros, "está já completamente desbloqueada
no tribunal. Está apenas em fase de pagamento por
parte do liquidatário", afirma o sindicalista.
Já na Carveste, garante Garra, "o subsídio
de férias foi pago logo dois dias depois dos trabalhadores
retomarem a laboração". Quanto ao salário,
espera-se que até ao final desta semana seja depositado
na conta dos funcionários.
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