"Nós
não vamos tolerar outra solução que
não seja a auto-estrada. Só aceitamos soluções
para o futuro e que anulem os factores de discriminação
de que temos sido vítimas". É esta a
posição do presidente da Câmara Municipal
da Covilhã sobre o traçado do IC6 (ligação
entre a cidade serrana e Coimbra). Na última terça-feira,
10, um encontro sentou à mesma mesa os autarcas de
Seia e Oliveira do Hospital, Eduardo Brito e Mário
Alves, respectivamente, bem como dos directores de Estradas
de Castelo Branco e Guarda, um representante do Instituto
de Estradas de Portugal (IEP) e o autarca covilhanense.
Para Pinto, a reunião foi "bastante positiva".
"Obteve-se um consenso entre os municípios.
Agora esperamos consequências ao nível do Instituto
de Estradas e do Ministério das Obras Públicas",
diz o edil covilhanense.
Os técnicos do IEP apresentaram "uma nova perspectiva
de acessibilidades que têm a ver com as necessidades
dos municípios", proposta essa que, segundo
Pedro Menezes, do Instituto de Estradas, "terá
que ir no sentido da alteração do Plano Rodoviário
Nacional". Em declarações ao NC, este
representante afirma que a "situação
ainda está muito embrionária". "Este
encontro serviu para auscultar as diversas entidades e estão-se
a redefinir corredores", declara Menezes, salientando
que "há ainda muitos estudos para fazer".
Satisfeito com o resultado do encontro estava também
o presidente da Câmara de Seia. "Será
uma mudança radical quer para a economia regional,
quer nacional. Não somos nem mais nem menos que outras
zonas do País. Somos um dos principais destinos turísticos
e com grandes potencialidades no futuro", esclarece
Eduardo Brito. A posição manifestada no final
da reunião é bastante diferente daquela que
o autarca tinha em Janeiro deste ano, para quem a defesa
do IC6 podia trazer alguns prejuízos para o Maciço
Central. "Esta proposta do IEP altera substancialmente
essa ideia. É uma proposta que tem pernas para andar.
Pode ser uma revolução que resolva o problema
global das acessibilidades não só para o município
de Seia, mas para todo o Maciço Central", afirma
Eduardo Brito. Opinião partilhada por Mário
Alves. Para o presidente da Câmara de Oliveira do
Hospital "o tempo de olhar para os concelhos como quintas
já lá vai. Temos problemas comuns que precisam
de ser solucionados e o das acessibilidades é, indiscutivelmente,
um deles", defende o autarca.
Apesar da unanimidade entre os concelhos serranos na necessidade
de dotar o IC6 com perfil de auto-estrada, as declarações
proferidas pelo presidente do Instituto de Estradas de Portugal
durante a inauguração do lanço Belmonte-Guarda
da Auto-Estrada da Beira Interior não foram esquecidas.
Recorde-se que para Pedro Serra "o Governo não
pode fazer investimentos que não se justifiquem",
uma alusão mais que evidente ao perfil de auto-estrada
na ligação entre a Covilhã e Coimbra.
Confrontado com esta hipótese, Carlos Pinto é
peremptório: "Se se seguissem os parâmetros
e pensamento de alguns responsáveis do IEP a Auto-Estrada
da Beira Interior nunca tinha justificação",
sublinhando que os três municípios vão
"trabalhar no sentido de não permitir que se
cometa um erro crasso de se estar a construir uma estrada
para o futuro com base no fluxo do passado". Pinto
espera, por isso, que a "posição do presidente
do Instituto evolua" para que tudos os problemas sejam
ultrapassados e formalizados na revisão do Plano
Rodoviário Nacional.
"Coimbra tem tanto a ganhar como nós"
A presença da cidade de Coimbra nesta questão
seria, segundo Eduardo Brito, "extremamente benéfica".
Para o presidente da autarquia senense, Coimbra, ainda
"que tenha olhado sempre para esta questão
como algo menor, tem tudo a ganhar em fazer esta ligação
à Serra". Também Carlos Pinto frisa
as vantagens que cidade coimbrã teria com o perfil
de auto-estrada. O edil covilhanense espera "chamar
proximamente para uma reunião" o presidente
da Câmara Municipal de Coimbra.
Depois desta reunião outras se seguirão.
Ao mesmo tempo, assegura Pinto, os munícipios querem
celebrar um documento com o Instituto de Estradas, por
forma a "que daqui para a frente não haja
mais dúvidas". Quanto aos túneis da
Serra da Estrela, ainda que referenciados, foram colocados
em segundo plano.
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