Rui Pires
NC/Urbi et Orbi


As crianças prepararam a peça durante 15 dias

Os 800 anos do foral de Alpreada foram o pretexto para reunir, em Castelo Novo, um vasto conjunto de iniciativas culturais. Do programa fizeram parte espectáculos de teatro, dança contemporânea, música e exposições.
No sábado, 31, a zona envolvente ao castelo ganhou nova vida. Um grupo de crianças de Castelo Novo, sob a orientação do actor António Abernú, recriou a lenda da Senhora do Mosteiro. Esta é uma lenda que remete para o tempo das perseguições aos Templários. Conta a história que os Templários, antes de saírem de Castelo Novo, pela mão de um jovem sargento, esconderam a imagem da Senhora do Mosteiro no tronco de um castanheiro nas imediações do antigo mosteiro. Anos mais tarde, um pastor que andava por esse local, teve uma visão da Senhora que era a imagem da Santa escondida no castanheiro. Nesse mesmo dia chega à aldeia um velho romeiro que pede ao alcaide de então, D. Pedro, para passar no mosteiro o resto dos seus dias. D. Pedro não só acede ao seu pedido, como manda construir um novo mosteiro no lugar onde apareceu a imagem da Santa. Esse local ainda hoje existe e é a capela de São Brás, à entrada da Aldeia Histórica. Foi esta a história que um grupo de crianças preparou durante 15 dias e que foi presenciada por um vasto numero de pessoas que na noite de sábado, 31 de Agosto, se deslocou às imediações do castelo.
Luciano Nave, presidente da Junta, mostra-se bastante satisfeito com o trabalho que está a ser desenvolvido na aldeia. "Estas comemorações deram a conhecer Castelo Novo ao mundo" explica, embora gostasse de ver na sua aldeia uma aposta mais forte no turismo. "De momento faz falta a reconstrução e alguns melhoramentos nas fachadas de algumas casas da aldeia. Só com a sua recuperação podemos mostrar realmente a antiguidade desta povoação" afirma o autarca. E adianta que "pretendemos construir locais de apoio para quem nos visita, nomeadamente mais serviços ligados à restauração e hotelaria. Assim estamos a criar condições para os turistas e ao mesmo tempo vamos criar mais alguns postos de trabalho, que poderão permitir que mais pessoas fiquem por cá".
Luciano Nave não poupa elogios à autarquia fundanense. "A Câmara do Fundão tem sido incansável, coisa que não acontecia. Tem feito de tudo por Castelo Novo. O anterior executivo esqueceu um pouco a nossa terra". No passado fim-de-semana passaram por Castelo Novo nomes de relevo na cultura nacional, como o presidente da Academia Portuguesa de História, Veríssimo Serrão, que defendeu inclusive que esta Aldeia Histórica merecia ser património da Humanidade. Já Manuel Frexes lamenta o facto de se terem, ao longo dos anos, desperdiçado verbas comunitárias para recuperar Castelo Novo.





  Peças da Ordem de Cristo nos Antigos Paços do Concelho

Esteve igualmente patente, no edifício dos antigos Paços do Concelho, uma exposição com peças pertencentes às Ordens de Cristo e dos Templários, que também reuniu alguns achados arqueológicos, recentemente encontrados nas escavações que estão a ser levadas a cabo nas imediações do castelo de Castelo Novo. Esteve exposto vário material de guerra dos séculos XII, XV e XVI, nomeadamente, uma espada do reinado de Afonso Henriques, um capacete de um cruzado utilizado na tomada de Lisboa no século XII, um peitoral com Cruz de Cristo do século XV, entre outros objectos, todos eles de uma colecção particular(colecção Rainer Daehnhardt) e que foram cedidos para serem expostos em Castelo Novo. Esta iniciativa consiste em "devolver o passado às pessoas", explica João Mendes Rosa, historiador da Câmara do Fundão.