A Gartêxtil vai recomeçar a laboração
já em Setembro. Tudo porque a empresa de confecções
é alvo do interesse de um grupo têxtil de
Matosinhos, a Texpert Grupo. A firma, em colaboração
com o Instituto de Apoio a Pequenas e Médias Empresas
(IAPMEI), decidiu apostar na recuperação
e a aquisição da empresa guardense terá
sido feita através de uma compra simbólica,
assumindo o passivo existente.
Depois de três meses de encerramento e das queixas
dos trabalhadores em relação ao "abandono
por parte dos dirigentes", a Gartêxtil vê
agora "uma luz ao fundo do tunel". No entanto,
nem todas as trabalhadoras, que se encontram actualmente
inscritas no Centro de Emprego, poderão voltar
ao serviço. Isto porque a Texpert só pretende
contratar 60 dos antigos 200 funcionários, que
vão trabalhar na linha de calças, sendo
que o crescimento da empresa só será possível
dentro de um ano, altura em que a empresa nortenha pretende
aumentar o número para 150.
No entanto, o dirigente do Sindicato Têxtil da Beira
Alta mostra-se indignado com o facto de nem a entidade
sindical nem os trabalhadores terem conhecimento de qualquer
intenção de viabilização da
Gartêxtil. Segundo Carlos João "existe
falta de diálogo e este é um mau princípio
para reabir a estrutura". "Os operários
parecem não ser o mais importante neste processo,
pois ninguém foi contactado", queixa-se Carlos
João. Além disso, o dirigente sindical afirma:
"Possivelmente, o empresário interessado na
recuperação está a esquecer que os
trabalhadores só voltam a laborar se lhes forem
pagos os salários em atraso e as indemnizações.
Por outro lado, diz-se que vão ser empregadas 60
pessoas, mas ninguém pode esquecer os que ficam
de fora". Carlos João assegura que prefere
ver a Gartêxtil aberta com este número de
trabalhadores, em vez do encerramento definitivo. Porém,
o responsável pelo Sindicato tece críticas
à actuação política, especialmente
aos deputados na Assembleia da República, eleitos
pelo distrito da Guarda. "Nem a deputada do PSD,
Ana Manso, nem os deputados socialistas, Pina Moura e
Fernando Cabral, nos voltaram a contactar para resolver
a questão".
Já da parte do IAPMEI apenas foi dito que "as
negociações continuam a decorrer no sentido
da reabertura da Gartêxtil, pelo que não
pode ser fornecida qualquer outra informação".
Também da parte do investidor nortenho desconhece-se
qualquer pormenor, por forma a saber alguma coisa sobre
as condições de reabertura, critérios
de selecção dos trabalhadores e se irão
ou não ser efectuados os respectivos pagamentos.
O aparecimento deste grupo investidor foi revelado pela
presidente da Câmara da Guarda, na sessão
do executivo, no dia 21, quarta-feira. Maria do Carmo
Borges no entanto, não se mostrou totalmente satisfeita
com tal intenção. "É o acordo
possível para já. Não é uma
satisfação total, porque sei que, nos primeiros
tempos, não irão ali estar todos os trabalhadores
daquela casa. Mas, para já, é bom que a
fábrica reabra", considera a autarca guardense,
acreditando que "dentro de algum tempo toda a gente
possa ser readmitida".
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