Homem grande do jornalismo e da cultura portuguesa e
em especial beirã morreu, na passada quinta feira,
vítima de acidente vascular-cerebral, António
Paulouro.
Por todo o país se lamentou o desaparecimento do
director do "Jornal do Fundão", semanário
que fundou em 1946.
Defensor acérrimo da liberdade, demitiu-se da Câmara
Municipal do Fundão em 1958 onde foi vice-presidente,
rompendo com o declarando-se publicamente desenganado
com a política vigente e assumindo a condição
de oposicionista.
Uma vida rica em cultura traduz-se nas inúmeras
iniciativas que empreendeu.
Em 1960, funda e dirige a revista "Arco-Íris",
de que saem apenas cinco números, porque a PIDE
prende os três redactores residentes em Lisboa.
Em 1963, festeja a visita de Juscelino Kubitschek, com
extraordinária adesão popular, noticia que
os media são proibidos de divulgar.
Em 1965, o "Jornal do Fundão" é
suspenso administrativamente por seis meses.
A ele se deve a vinda a Portugal de escritores como Erico
Veríssimo, João Cabral de Melo Neto e Odilo
Costa.
Em 1972 organiza o Encontro Nacional de Teatro, que conta
com a presença de Alfonso Sastre e de alguns dos
mais prestigiados encenadores, autores e actores portugueses.
Em 1976 funda e dirige, com Herberto Hélder e António
Sena, a revista luso-espanhola "Nova" que tem
como delegado nos Estados Unidos Jorge de Sena e na Espanha
Vicente Aleixandre, no ano seguinte galardoado com o Prémio
Nobel.
No ano seguinte organiza o I Encontro de Emigrantes com
três dias de debate e a presença de três
secretários de Estado que culmina com a sessão
final presidida pelo presidente da república. O
convívio junta 15 mil emigrantes.
Faz parte da Comissão de Honra do Primeiro Congresso
dos Jornalistas Portugueses.
Em 1984 organiza e dirige as Primeiras Jornadas da Beira
Interior que reúnem no Fundão cerca de 500
participantes e a cuja sessão final preside o general
Ramalho Eanes, então presidente da República.
Foi deputado na Assembleia da República em 1986
e 87, eleito por Castelo Branco.
Em 1986 é Comendador da Ordem da Liberdade e em
1986 recebe uma homenagem da Universidade Pontifícia
de Salamanca em que lhe é atribuída a "Placa
de Prata".
Recebe, em 1990, a medalha de prata de Mérito Municipal
da Câmara Municipal da Covilhã e em 1993,
a medalha de ouro atribuída pela autarquia fundanense.
Em 1994 é homenageado pelo Sindicato dos Jornalistas.
A Associação Portuguesa de Imprensa vai
criar um prémio para jovens gestores de pequenas
e médias empresas com o nome de António
Paulouro.
Uma perda irreparável para o País e para
a Beira Interior, eternizada agora na memória daqueles
que com ele privaram.
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