Apertar o cinto é a palavra de ordem para as universidades
públicas portuguesas em 2003 e a UBI não
é excepção. Neste momento, "Existe
uma prioridade que são as despesas de pessoal que
têm de ser asseguradas", refere o reitor da
UBI, Santos Silva, a propósito dos cortes para
o financiamento das universidades na ordem dos 4 por cento,
anunciado pelo Governo na passada semana.
Uma gestão "apertada" e o recurso a receitas
próprias são as soluções apontadas
pelo reitor da UBI, Santos Silva para sobreviver com menos
cerca de 650 mil euros do que estava previsto.
Valores normalmente aplicados na melhoria da qualidade
da instituição, como bibliografia e equipamentos
vários, oriundos das propinas e das receitas próprias
da UBI terão de ser agora também aplicados
nas despesas de funcionamento.
Santos Silva explica que o orçamento de financiamento
das universidades, dado pelo Estado deveria representar
cerca de 80 por cento em despesas com o pessoal e os restantes
20 por cento seriam utilizados para as outras despesas.
Mas as verbas são insuficientes e, dos valores
depositados nas contas da universidade pelo Estado, cerca
de 95 por cento vão para despesas de pessoal, sobrando
apenas 5 por cento para as restantes despesas. Assim,
outros gastos serão suportados por receitas próprias.
Para a Faculdade de Ciências da Saúde existe
um orçamento à parte por isso, garante o
reitor, "o funcionamento desta unidade não
está em questão".
A UBI vai receber para 2003, sem incluir o orçamento
para medicina, 18 milhões e 64 mil euros. Para
a Faculdade de Ciências da Saúde vêem
dois milhões e 175 mil euros. Esta componente prevê
o pagamento de salários, despesas e equipamentos
pedagógicos.
Segundo Santos Silva, de acordo com a fórmula de
financiamento, a UBI deveria receber este ano, sem contar
com medicina, cerca de 18 milhões e 700 mil euros.
Menos cerca de 650 mil euros que entram para os cofres
da universidade quando ainda não foi pago o aumento
salarial de 2002.
"Com este dinheiro é difícil"
O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas
(CRUP) mostrou o seu descontentamento através de
uma carta enviada ao ministro da Ciência e do Ensino
Superior, Pedro Lynce onde estava bem patente que com
aqueles valores, é difícil gerir uma universidade.
O CRUP esteve reunido na passada quinta feira para analisar
a proposta final de orçamento apresentada pelo
Ministério da Ciência e do Ensino Superior
(MCES). O Governo tenciona reservar às instituições
cerca de 707 milhões de euros, enquando no ano
passado o orçamento quase chegou aos 714 milhões.
Isto representa uma diminuição na ordem
dos 1,09 por cento, mas, aponta Adriano Pimpão,
presidente do CRUP, em declarações ao jornal
Público, "Se tivermos em conta a taxa de inflação,
então isso significa que, em termos reais, o decréscimo
é de cerca de quatro por cento".
Ao mesmo jornal, Pimpão referiu que anteriormente
o MCES determinou um valor mais elevado. "Os cálculos
iniciais do ministério, feitos com base na fórmula
de financiamento do ensino superior e tendo já
em conta que não se chegaria ao orçamento-padrão
[o que decorreria da plena aplicação da
dita fórmula], apontaram para um valor de 732 milhões
de euros. Já nessa altura dissemos que esse valor
levantava problemas, mas que era exequível, permitia
o funcionamento das instituições",
conta o reitor. Mas o Ministério das Finanças
decidiu pela redução desses valores. O presidente
do CRUP diz que mesmo esses 732 milhões de euros
são o mínimo e, por isso, o Conselho de
reitores propõe que o orçamento se estabilize
nesse valor.
"A UBI é tão afectada como as outras
universidades", refere Santos Silva. No total, as
universidades portuguesas recebem em 2003 menos sete milhões
e meio de euros no que respeita às verbas destinadas
ao pagamento de salários e às despesas de
funcionamento que incluem custos como luz, água,
limpeza, telefones e segurança, entre outras.
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