Covilhã. UBI. Manhã 
                      de Sol num dia de Primavera. A bibliotecária e os 
                      técnicos dirigem-se para os locais de trabalho. Vamos 
                      descer às catacumbas da biblioteca central. Encontramos 
                      gabinetes arejados, mas escondidos do público.  
                      Joana Fonseca Lopes Dias, 32 anos, é responsável 
                      pelos Serviços de Documentação da UBI. 
                      Licenciada em História, é pós-graduada 
                      em Ciências Documentais. 
                      "Hoje em dia o bibliotecário é um gestor 
                      da informação. Fazemos de tudo um pouco até 
                      somos telefonistas", refere e sorri. As funções 
                      de uma bibliotecária são também a classificação 
                      da documentação por áreas temáticas 
                      e a indexação da documentação 
                      através de palavras-chave que funcionam como descritores. 
                      Se um aluno procura um livro vai à base de dados 
                      AS400, pesquisa por descritor e introduz a palavra-chave. 
                      "O trabalho de indexação é um 
                      trabalho mais intelectual. Trata-se de extrair de uma documentação, 
                      características que denotem parte do conteúdo", 
                      explica a bibliotecária. 
                      A classificação é o enquadramento da 
                      informação por áreas do saber. Por 
                      exemplo, na área de Filosofia há diferentes 
                      sub-áreas como fenomenologia ou hermenêutica. 
                      "Fazemos a classificação num 'sistema 
                      caseiro' em articulação com os docentes dos 
                      cursos", declara.  
                      Segundo Joana Dias, a biblioteca da UBI é um espaço 
                      onde dá vontade estar. "Temos equipamento adequado 
                      às mais variadas necessidades de informação: 
                      leitores de vídeo, leitores de DVD, scanners, microfilme, 
                      computadores e impressoras", sublinha. O principal 
                      objectivo de uma biblioteca universitária é 
                      "melhorar a qualidade de ensino". A bibliotecária 
                      salienta que "a informação disponível 
                      na biblioteca deve criar conhecimento". 
                      A nova biblioteca central da UBI ainda está em fase 
                      de instalação. Alguns problemas subsistem 
                      e afectam funcionários e utilizadores. Mas Joana 
                      Dias garante que "o trabalho dos funcionários 
                      é resolver os problemas". 
                      Um dos principais problemas é o ruído. "As 
                      pessoas esquecem-se que a biblioteca é um local de 
                      estudo. Não desligam os telemóveis, conversam 
                      e perturbam os outros utilizadores", acusa. O desrespeito 
                      pelo silêncio afecta aqueles que querem estudar. 
                      A responsável pelas bibliotecas da UBI adverte que 
                      a "biblioteca não é um cibercafé". 
                      As novas tecnologias destinam-se a ajudar no estudo. A prioridade, 
                      no uso dos computadores, é "para quem realmente 
                      necessita de fazer trabalhos". 
                      Os teclados dos computadores não estão configurados 
                      na língua de Camões. Situação 
                      que leva o utilizador a andar "às aranhas" 
                      na procura dos dígitos correctos. Joana Dias promete: 
                      "Os teclados serão substituídos em breve". 
                       
                      Outro problema são as impressoras que não 
                      funcionam. O usuário tem de transferir os ficheiros 
                      via email ou esperar, pacientemente, uma vaga para os poucos 
                      computadores com unidade de disquetes. Também, neste 
                      caso, a bibliotecária promete solucionar os atrasos. 
                      
                         
                           
                             
                               Para Joana Dias, "as 
                              pessoas esquecem-se que a biblioteca é um 
                              local de estudo" 
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                              "Má imagem da biblioteca" 
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                      Livros em estantes, computador, impressora e muitos papéis. 
                        Estamos no gabinete de Olga Maria Farias Correia Melchior 
                        Abrantes, 47 anos. Responsável pelo serviço 
                        de empréstimo inter-bibliotecas, Olga Abrantes 
                        é técnica superior licenciada em Sociologia. 
                        É possível pedir qualquer livro que não 
                        exista na biblioteca através de empréstimo 
                        inter-bibliotecas. Olga Abrantes salienta que "é 
                        bastante incómodo para os alunos a deslocação 
                        a outras cidades e universidades, quando podem ter o livro 
                        pela UBI". A responsável prova com dados estatísticos 
                        o desinteresse dos alunos e apela: "Os alunos devem 
                        informar-se sobre o empréstimo inter-bibliotecas. 
                        Olga Abrantes explica o serviço de empréstimo. 
                        O processo começa com o preenchimento de uma ficha 
                        online no site da biblioteca. Depois surge a pesquisa. 
                        "Investigo se o livro está disponível 
                        em Portugal. A PORBASE é uma óptima base 
                        de dados que permite a pesquisa pela rede de bibliotecas 
                        portuguesas", explica. Se não existir na rede 
                        nacional, a socióloga procura nas bases de dados 
                        estrangeiras ou em sites que permitam o empréstimo. 
                        "Os empréstimos de livros estrangeiros funcionam, 
                        na maior parte das vezes, com cupões pré-comprados 
                        - vouchers", refere Olga Abrantes. A técnica 
                        superior mostra os cupões. "Com os vouchers 
                        o pagamento é mais fácil, sem necessidade 
                        de pedir cheques ao banco", garante. A licenciada 
                        em Sociologia defende que "a formação 
                        dos alunos professores justifica um serviço de 
                        empréstimo gratuito". 
                        Mas as rosas também têm espinhos. "Há 
                        alunos que não cumprem o prazo de devolução 
                        dos livros", lamenta. Um problema que "compromete 
                        o bom nome da UBI e dá uma má imagem da 
                        biblioteca".  
                        Olga Abrantes faz a indexação dos livros 
                        de Sociologia. "Graças à minha licenciatura 
                        é fácil fazer a indexação", 
                        sublinha. 
                        A socióloga realiza inquéritos junto dos 
                        leitores da biblioteca. "O objectivo é melhorar 
                        os serviços e dar resposta às expectativas 
                        dos leitores", destaca. O horário da biblioteca 
                        e o número de livros requisitados foram algumas 
                        questões colocadas aos utilizadores num inquérito 
                        realizado em 2000.  
                        Olga Abrantes faz também a difusão selectiva 
                        da informação. Consiste em divulgar catálogos 
                        para os professores escolherem livros para a biblioteca. 
                        A técnica superior assegura ainda "outras 
                        actividades que contribuem para o enriquecimento do fundo 
                        documental da biblioteca". 
                         
                       
                      
                         
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                              Maria Tomás mostra a catalogação 
                              das publicações periódicas 
                               
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                      Próxima paragem: gabinete de publicações 
                        periódicas. Secretárias, livros, computadores, 
                        três funcionárias.  
                        Maria Helena Albuquerque Tomás, 46 anos, é 
                        técnica de bibliotecas e documentação 
                        (BD). "Faço a catalogação das 
                        publicações periódicas, desde a carimbagem, 
                        catalogação, introdução dos 
                        registos na base de dados e composição de 
                        ficheiros no sistema CARDEX", informa. 
                        O sistema de ficheiros é ainda manual. "Introduzo 
                        os dados na PORBASE, que funciona também como base 
                        de dados para uso dos funcionários. Faço 
                        o registo manual num arquivo CARDEX, onde estão 
                        os registos das publicações periódicas 
                        disponíveis", esclarece. Outra tarefa de Maria 
                        Helena Tomás é o atendimento ao público 
                        e a organização das publicações 
                        periódicas no arquivo da biblioteca. 
                        "A revista chega e é catalogada manualmente. 
                        Vou com a ficha à bibliotecária para ela 
                        classificar em termos de área temática. 
                        Depois introduzo os dados na PORBASE e no AS400 que é 
                        a base de dados acessível aos utilizadores", 
                        explica Maria Tomás. A etapa seguinte é 
                        a consulta dos utilizadores no arquivo CARDEX.  
                        Maria Helena Tomás espera que a compra de um software 
                        para gestão de bibliotecas resolva os problemas 
                        de arquivo e tratamento da informação. "Por 
                        vezes é um trabalho cansativo estar a colocar a 
                        informação manualmente. Mas gosto do meu 
                        trabalho. Tudo se ultrapassa quando a vocação 
                        determina a escolha profissional", sublinha. 
                        Para a funcionária de BD, o ruído da biblioteca 
                        perturba os funcionários e quem está a estudar. 
                        "A sala de leitura onde estão os computadores 
                        é ruidosa. O problema resolvia-se com a instalação 
                        dos computadores numa sala separada. Os alunos poderiam 
                        fazer as pesquisas sem perturbar funcionários e 
                        utilizadores", defende.  
                        No mesmo gabinete está Sandra Marques Pinto, 34 
                        anos, natural de Lisboa e moradora na Covilhã. 
                        É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas 
                        - variante de Estudos Portugueses e mestranda em Estudos 
                        de Informação e Bibliotecas Digitais no 
                        Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa. 
                         
                        "Faço o tratamento das publicações 
                        periódicas e a difusão selectiva da informação. 
                        Sou responsável pelo acesso e registo das publicações 
                        online", salienta. Outra tarefa de Sandra Pinto é 
                        a reformulação da página online dos 
                        Serviços de Documentação. Um projecto 
                        em colaboração com o Laboratório 
                        de Comunicação e Conteúdos Online 
                        (LABCOM), que em breve estará na internet. 
                      
                         
                           
                             
                               "O processo de aquisição 
                              de um livro é moroso e demasiado burocrático", 
                              sublinha Maria Ressurreição 
                           | 
                           
                            
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                      Gabinete de aquisições. Maria Júlia 
                        Mendes Vieira Ressurreição, 45 anos, é 
                        técnica profissional de BD e coordena o gabinete 
                        de aquisições. 
                        "O processo de aquisição de um livro 
                        é moroso e demasiado burocrático", 
                        sublinha Maria Ressurreição. Tudo começa 
                        com uma proposta preenchida pelo docente e autorizada 
                        pelo presidente do respectivo departamento. A secretária 
                        do departamento controla as verbas e a proposta segue 
                        para a biblioteca. 
                        Em seguida, elabora-se uma requisição de 
                        livros que regressa ao departamento para autorização 
                        de compra. A despesa tem ainda de passar pela contabilidade 
                        da UBI, em função do orçamento disponível 
                        para o departamento. A requisição de compra 
                        regressa ao serviço de aquisições 
                        para se fazer o pedido à livraria. 
                        Um processo que pode demorar mais de três meses. 
                        "A solução seria diminuir a burocracia", 
                        defende Maria Ressurreição. 
                        A compra de livros estrangeiros é ainda mais lenta 
                        e exige pagamento adiantado. "A UBI tem de comprar 
                        um cheque de divisas e remetê-los às livrarias 
                        estrangeiras. Só depois vêm os livros", 
                        informa a técnica de BD. 
                        O serviço de compra de artigos está a cargo 
                        de Maria de Lurdes Reis Ruana, 42 anos. "Peço 
                        à Fundação para a Ciência e 
                        Tecnologia artigos de revistas e jornais. Os alunos e 
                        professores preenchem uma requisição para 
                        qualquer artigo nacional ou estrangeiro", explica. 
                        Neste momento, o serviço de artigos é gratuito. 
                      
                         
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                              "Temos de descobrir as características 
                              que o livro apresenta em si mesmo e registá-lo 
                              manualmente", afirma Alda Raposo  
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                      Gabinete de catalogação. Três funcionárias 
                        garantem a parte física da documentação. 
                        É um trabalho manual que consiste em registar os 
                        dados explícitos dos livros. 
                        Ao fundo do gabinete, está Alda Nunes Raposo, 50 
                        anos, técnica especialista principal de BD. Um 
                        rosto que sugere uma grande vontade de conversar. Alda 
                        Raposo veio para o então Instituto Politécnico 
                        da Covilhã, directamente dos Açores, e por 
                        cá ficou. 
                        "Temos de descobrir as características que 
                        o livro apresenta em si mesmo e registá-lo manualmente. 
                        O livro segue para a bibliotecária para indexação 
                        e classificação. Depois atribui-se uma cota 
                        e vai para as estantes", explica Alda Raposo. Quando 
                        os livros chegam à biblioteca o primeiro contacto 
                        é com a catalogação e o registo. 
                        Ana Cristina Mateus Silva, 28 anos, técnica profissional 
                        de 2ª classe de BD, explica o processo de catalogação: 
                        "Fazemos o registo do livro, por exemplo, por título, 
                        autor, editora, ano de publicação e todos 
                        os dados que o livro apresenta. Colocamos o sistema de 
                        segurança com bandas magnéticas e carimbamos 
                        os livros". 
                        Situado nas caves do edifício, o arquivo é 
                        um espaço amplo onde estão as publicações 
                        periódicas e algumas monografias reservadas. A 
                        biblioteca tem colecções de revistas e jornais 
                        desde a fundação do Instituto Politécnico 
                        da Covilhã em 1979. O arquivo divide-se em compras 
                        e ofertas. 
                        Os técnicos profissionais da biblioteca asseguram 
                        o atendimento ao público na biblioteca central 
                        e na biblioteca do Pólo IV. Com a construção 
                        do novo edifício da Faculdade de Ciências 
                        da Saúde está previsto o aumento do quadro 
                        de pessoal da biblioteca. 
                        No próximo ano lectivo, funcionará a pós 
                        graduação em Ciências Documentais. 
                        O programa do curso estará disponível brevemente 
                        no site dos Serviços Académicos. 
                        Os Serviços de Documentação em números: 
                        62 mil livros, 19 funcionários, 50 títulos 
                        de jornais, 2125 revistas e cerca de dois mil documentos 
                        no Centro de Documentação Europeia. 
                        Joana Dias promete a resolução do problema 
                        crónico da biblioteca: "Vamos ser mais exigentes 
                        em relação ao ruído na biblioteca". 
                        A bibliotecária destaca que "há dias 
                        em que o ruído é insuportável" 
                        e defende: "A situação não pode 
                        continuar!" 
                       
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