Por Ana Maria Fonseca


Uma vista sobre o que será zona de acampamento, junto às árvores

Pela primeira vez, o festival que se realiza de dois em dois anos na Herdade da Azambuja, terá lugar, desta feita, na Barragem de Idanha.
Pedro Carvalho, da organização, a cargo dos Good Mood, revela porque escolheram este local. "Quando descobrimos esta barragem, a simpatia do proprietário e a disponibilidade da Câmara Municipal, depois de sondarmos as autoridades no sentido de trabalharmos aqui, mudámos para cá". A água é um dos elementos essenciais que atraiu a organização.
São quatro dias de encontro de cultura que passa pela música, pela arte, pelo cinema, pela gastronomia, envolvendo uma comunidade e uma cultura específica, neste caso, a psicadélica. Uma cultura que atrai pessoas dos 18 aos 70 anos, garante Pedro Carvalho. "É um meio que não se define através do escalão etário, tem mais a ver com um plano cultural", refere. Há também muitas crianças que participam com as famílias no festival e, por esse motivo, foi criado um espaço dedicado exclusivamente a elas. Uma tenda onde contam com várias actividades e onde podem divertir-se e brincar.
A organização espera receber entre sete e dez mil pessoas, das quais 25 a 30 por cento serão estrangeiros. "De alguma forma sabemos que a comunidade internacional já conhece este festival há muitos anos e não hesitarão em vir aqui gastar o seu tempo e a sua energia".

Os membros da Good Mood, responsáveis pela organização do evento


"Para nós o crescimento não é numérico, mas artístico e cultural"

A escolha de Idanha a Nova vem diminuir o número habitual de participantes, o que não preocupa a organização. "Como não estamos tão próximo de Lisboa, as pessoas virão porque querem mesmo cá estar e isso de certa forma garante que as pessoas que aqui estão, fazem-no com muita vontade", salienta Pedro Carvalho, garantindo que objectivo que os move não é comercial. "A motivação aqui é principalmente cultural e artística. Compatibilizar grandes movimentos publicitários e grandes festivais com aquilo que nós pretendemos aqui não é possível. O que nos importa é a qualidade do festival e o resultado final para as pessoas que cá vierem, para nós o crescimento não é numérico, mas sim artístico e cultural", refere Pedro Carvalho.
Culturalmente o festival poderia constituir um choque, ente os participantes e a comunidade de Idanha-a-Nova onde se insere durante estes dias. No entanto Pedro Carvalho acredita que "é dos choques que se constitui uma aldeia global. Nós vivemos como vivemos, acreditamos na nossa realidade, estamos aqui para a celebrar", sublinha.
Também Álvaro Rocha, presidente da Câmara Municipal de Idanha, que tem apoiado o festival em termos logísticos, apela a toda a população que aceite "as pessoas com os seus hábitos, precisamos de muitas pessoas no nosso concelho e certamente que precisaremos delas no futuro. O nosso apoio e disponibilidade são totais para que o festival seja um êxito", garante.
Álvaro Rocha, mostra-se satisfeito por receber milhares de pessoas. "Os nossos objectivos passam pela divulgação do concelho e penso que esta foi uma grande aposta", refere.
Também a nível de segurança tudo foi precavido e estará assegurado. Além de uma força policial mais do que a necessária para este tipo de evento, enfermeiros, nadadores salvadores, mergulhadores e socorristas, apoiados por dois barcos e uma ambulância estarão a postos para atender a qualquer situação de emergência, no posto médico instalado numa tenda no local ou, em caso de necessidade, no posto médico de Idanha.
380 pessoas trabalham neste momento para garantir que tudo esteja a postos para que o festival arranque na próxima quarta feira.




O que se pode ver, ouvir e fazer

 

"Toda a parte artística do festival é novidade e evolução", assegura Diogo Ruivo, também da Good Mood, responsável pela programação artística dos vários espaços que compõem o festival.
Desde o recinto principal onde se poderá dançar transe psicadélico até ao chill out, muita coisa há para ouvir e fazer de 21 a 24 de Agosto no Boom.
O visual é um aspecto sempre muito cuidado neste festival e em 2002 não será excepção. Quatro equipas diferentes, vindas de países como Inglaterra, Alemanha, Israel e França têm a seu cargo a decoração e animação visual multimédia de cada uma das noites.
Para a área principal, uma enorme pista de dança, foram convidados músicos e DJ's "que consideramos os melhores em cada área dentro da nossa cultura específica", explica Diogo Ruivo, acrescentando que conseguiram "criar um bom equilíbrio entre artistas ainda não muito conhecidos, nacionais e internacionais, e artistas de grande renome, todos os dias".
No espaço "chill out" estarão "dois dos maiores artistas do mundo" na área da "música ambiente moderna", uma mistura de sons étnicos com música electrónica.
A "Journey" é outro espaço diferente onde todas as noites passará música electrónica alternativa à pista principal, que passa peloo "Drum n' bass", "House", "Bossa nova" e "Electro".
As artes circenses também marcarão presença com actuações de três grupos, um português, um alemão e um inglês.
Numa outra tenda dedicada ao teatro e ao cinema haverá convenções durante a tarde e exibições de cinema ligado à cultura psicadélica a partir das 22 horas.