António Fidalgo

Quantidade dos alunos e qualidade dos licenciados


No Público de ontem, 5 de Agosto de 2002, Luís Salgado de Matos defende que o financiamento das universidades não deve ser feito segundo o número de alunos, mas segundo a qualidade dos seus licenciados. Nada contra. Obviamente não pode ser critério único, pois que as universidades têm também como objectivo prioritário a investigação científica, mas não restam dúvidas de que a actual fórmula de financiamento, assente no número de alunos inscritos, entrou em crise profunda com a forte diminuição de candidatos ao ensino superior. Hoje as universidades e os politécnicos travam uma luta pouco saudável pela captação de novos alunos. A forma como se publicitam cursos e escolas, como se de publicidade de sabonetes se tratasse, não dignifica o ensino superior. É imperioso repensar o financiamento, o que aliás não pode ser feito sem um profundo repensar do que se quer para o ensino superior em Portugal. A cosmética dos nomes dos cursos, e outros truqes propagandísticos que tais para atrair novos alunos, não podem esconder a realidade e esta é de que os candidatos ao ensino superior são cada vez menos.
Assim, faz todo o sentido apostar na qualidade e não na quantidade. Tal como aconteceu com o défice das contas públicas, também aqui a verdade acabará por vir ao de cima.