José Geraldes
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João Paulo e os jovens
Toda esta força
que o Papa manifesta, não provém apenas
da sua forte constituição psíquica
mas sobretudo de uma fé firme como uma rocha e
união íntima à pessoa de Jesus Cristo
Os jovens deliram com as suas palavras.
Gritam-lhe vivas. Acorrem ao seu encontro e fazem-lhe
as perguntas mais diversas sobre todos os assuntos.
Ele alquebrado, com a mão esquerda a tremer, às
vezes com dificuldades no falar, sente-se feliz ao ouvi-los.
E a tal ponto que um dia aguentou e acompanhou durante
mais de duas horas um concerto de música rock em
sua honra.
Ele é João Paulo II, o Papa da Igreja Católica
que, um dia, após a morte de Paulo VI, veio da
sua Polónia natal a Roma para a eleição
do novo Papa. Contra todas as expectativas e quebrando
uma tradição de séculos, foi ele
Karol Wojtyla - um cardeal não italiano - eleito
Papa.
Agora de novo em Toronto, no Canadá, nas Jornadas
Mundiais da Juventude, é recebido com uma "superstar".
E, nos encontros programados com os jovens, João
Paulo II como que se transfigura, recobrando todas as
suas energias físicas. Toda a sua força
interior se liberta.
O cansaço desaparece, a voz adquire um timbre mais
forte, a pronúncia das palavras torna-se mais consistente.
Toda esta força que o Papa manifesta, não
provém apenas da sua forte constituição
psíquica mas sobretudo de uma fé firme como
uma rocha e união íntima à pessoa
de Jesus Cristo de quem é o sucessor no mundo e
em quem acredita sem qualquer falha.
Mas como é possível que um homem de 82 anos
de idade, com tantas debilidades físicas e que
esteve pelo menos quatro vezes às portas da morte,
consiga fazer viagens tão longas e penosas e mantenha
uma lucidez robusta nas mensagens que comunica ? E esta
já é a 97ª viagem do seu pontificado.
Só há uma explicação : o segredo
da sua fé. Do facto não podemos ter dúvidas.
A resistência humana não é suficiente.
Logo após a eleição, João
Paulo II escolheu as viagens, aliás na linha de
Paulo VI, o papa que executou o Vaticano II, para levar
a cabo a nova evangelização de que nunca
se cansa de falar. Estas viagens são preparadas
ao milímetro. Viagens que se inscrevem como gestos
proféticos e cujo último alcance se compreenderá
mais tarde.
E porque João Paulo II pensa em termos de futuro,
para contactar mais de perto com a juventude, instituiu
as Jornadas Mundiais da Juventude
que se realizam de dois em dois anos em locais diferentes
do planeta juntando milhões de jovens de todas
as nacionalidades e etnias.
Nos discursos destas Jornadas, o Papa aborda todos os
assuntos desde a contracepção à "tristeza
e vergonha pelos padres pedófilos" como referiu
em Toronto. Outros temas referidos: a audácia e
a criatividade juvenil, o corpo e as relações
pré-matrimoniais, a cultura do efémero,
a pessoa de Jesus Cristo, a música, os pobres,
o pecado e o perdão.
Quando fala aos jovens, fá-lo sempre com palavras
de exigência. E os jovens escutam-no. E interiorizam
a sua mensagem.
Em Toronto, apresenta-se como "um velho um pouco
cansado" mas que "se identifica plenamente com
as esperanças e aspirações dos presentes".
E o apelo sai-lhe vigoroso : "Construam uma nova
civilização sob o signo da liberdade e da
paz".
O Papa não quer que os jovens esqueçam "a
dimensão religiosa do homem" nem "o discernimento
ético" que faz parte dos valores universais.
PS Boas férias ! Em Setembro,
recomeçamos o contacto com os leitores.
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