"Julgo que podem ser elementos muito importantes
se consignarem a transferência de competências
em domínios como o urbanismo, planeamento e algumas
áreas de licenciamento industrial. É um
passo positivo e importante para o municipalismo português".
É desta forma que Carlos Pinto, presidente da Câmara
Municipal da Covilhã, faz a leitura da proposta
de atribuição de mais competências
e tarefas, por parte do Poder Central para as autarquias.
O edil considera, no entanto, que "ainda não
foi dita a última palavra sobre os recursos"
que devem acompanhar essa transferência de tarefas".
O comentário surge na sequência da reunião
extraordinária do Conselho de Ministros, em Tomar,
na última sexta-feira, 26, e que teve em cima da
mesa a questão da descentralização
de poderes do Governo para os municípios portugueses.
Nas palavras do primeiro-ministro, o Executivo deu o "pontapé
de saída" no "maior movimento descentralizador
em Portugal desde a criação do poder local
democrático". Durão Barroso advoga
que o "Terreiro do Paço tem poder a mais".
Estas transferências, assegura o chefe do Executivo,
"têm a respectiva mochila financeira".
No entanto o social-democrata afirma que vai ser muito
difícil o cálculo do bolo total a transferir
para as autarquias. De entre as competências, que
devem entrar em fase de aplicação no início
de 2003, destaque para a possibilidade de os municípios
construírem centros de saúde e escolas do
ensino pré-escolar e básico ou ainda a transferência
de 25 mil fogos de habitação social para
as edilidades gerirem. Maria do Rosário Pinto da
Rocha, vereadora com os pelouros da Educação
e Saúde, na Câmara da Covilhã, concorda
com esta atribuição já que "são
os municípios aqueles que melhor conhecimento têm
das carências das suas populações".
Todavia, continua a vereadora, "o executivo camarário
encara isto com alguma cautela porque não temos
recursos humanos. Nos nossos quadros não cabem
esses técnicos". A autarca diz que essa transferência,
no que concerne à área da educação,
não é nova e dá o exemplo dos espaços
físicos das escolas, "degradados", que
passaram a ser da competência do município
covilhanense, mas "sem os devidos acompanhamentos
de recursos financeiros". A lista, porém,
não fica por este exemplo. O pessoal não
docente das escolas do 1º Ciclo e jardins de infância
também já é da competência
da edilidade, de tal modo que se rege pela lei do pessoal
da autarquia. "A Câmara da Covilhã está
a sobrepôr-se ao Ministério da Educação
quando, ao concluir que havia crianças com fome
nas escolas, abre cantinas e lhes fornece refeições"
e "sem qualquer contrapartida", ressalva Maria
do Rosário.
Pinto concorda com extinção do Governo
Civil
As competências a transferir para as autarquias,
além destas, incluem áreas como a economia,
administração interna, ambiente, desporto,
cultura e formação. E nestes casos, esta
delegação de tarefas contribuem para o esvaziamento
progressivo dos poderes dos governadores civis e em último
a sua extinção. Medida que o Governo pretende
levar a cabo na próxima revisão constitucional.
Neste ponto, Carlos Pinto não difere da opinião
veiculada pelo Executivo. "Eu sou pela extinção
do cargo e a favor da existência de um representante
do Governo, que é uma figura mais clarificada",
defende o edil, assegurando que "as competências
dos governadores civis podem muito bem ser transferidas
para as câmaras, com melhor produtividade, indiscutivelmente".
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