O Interior está,
agora, mais perto de Lisboa. Inaugurado no último
sábado, 20, pelo primeiro-ministro Durão Barroso,
o troço Mouriscas-Gardete, que liga o IP6 à
futura Auto-Estrada da Beira Interior, retira cerca de meia-hora
à viagem entre Castelo Branco e a capital do País.
O lanço, que já está aberto ao trânsito,
prolonga-se por uma extensão de cerca de 28 quilómetros
e significa um investimento de mais de 12 milhões
de euros. A obra, que acabou por ser concluída dois
meses antes do previsto, contempla cinco viadutos, um dos
quais, sobre o leito do Rio Ocresa, o maior do País,
com 106 metros de altura.
Para além dos benefícios imediatos do troço,
Pedro Cunha Serra, presidente do Instituto de Estradas de
Portugal (IEP) lembra que, "quando concluída,
a Auto-Estrada da Beira Interior, já designada de
A23, vai ser a mais importante do País na medida
em que vai ser a mais utilizada pelo tráfego oriundo
da Europa via Vilar Formoso". O primeiro-ministro subscreve
as palavras do dirigente do IPE e acrescenta que, "para
além de aproximar Portugal da Europa, a Estrada vai
unir mais as regiões do País entre si".
Para o líder do Executivo, a nova via vai permitir
um "desenvolvimento mais equilibrado e tornar mais
competitiva a zona Interior do País, na medida em
que dá mais hipóteses ao investimento exterior
na região". Barroso acredita que a Auto-Estrada
vai ser uma "nova arma para a afirmação
da, outrora esquecida, Beira Baixa" e desmente que
o Governo esteja a equacionar a possibilidade de parar com
as obras. Aliás, reitera, "se possível,
a conclusão da totalidade dos trabalhos, prevista
para final de 2003, será antecipada".
Portagens só
para visitantes
|
Durão Barroso confrontado com os protestos
da Comissão de Utilizadores da Auto-Estrada
|
Em relação à questão que
mais polémica tem levantado nos últimos
tempos, o pagamento de portagens na futura Auto-Estrada,
o primeiro-ministro é peremptório: "Residentes,
trabalhadores e investidores na região não
pagam". Um modelo que diz não defender por
princípio uma vez que, sublinha, "as obras
públicas têm que ser pagas por quem as utiliza".
No entanto, o chefe do Governo reconhece que os "graves
problemas de interioridade com que se debate a Beira Interior
justificam esta medida de discriminação
positiva e um esforço de solidariedade nacional".
Quem continua a não concordar com a solução
encontrada pelo Executivo são a maioria dos autarcas
locais e a recém-formada Comissão de Utilizadores
da Auto-Estrada da Beira Interior, que organizou uma manifestação
de protesto junto do local da cerimónia de inauguração.
Segundo Jorge Fael, um dos impulsionadores da Comissão,
esta medida, continua a prejudicar a região uma
vez que afasta os visitantes. José Sócrates,
também presente na cerimónia, salienta,
por seu lado, "os investimentos suplementares para
a colocação de portagens" para reafirmar
que "as medidas de excepção seguidas
pelo Governo, para além de injustas, não
compensam". Para Joaquim Morão, presidente
da Câmara de Castelo Branco, o sistema de excepção,
que Durão Barroso não chegou a explicar
como vai funcionar, "torna-se ainda mais grave, na
medida em que não vão existir alternativas
à Auto-Estrada, que vai ser a única via
de ligação entre a região e Lisboa".
|