Alexandre Silva
NC/Urbi et Orbi


Apesar do mau tempo, a equipa do CNM, conseguiu atingir o topo do Monte Branco

Notícias da Covilhã/ Urbi et Orbi- O que se sente quando se chega ao ponto mais alto da Europa?
Carlos Tavares -
Nós sentimo-nos cansados. Um cansaço enorme como nunca tínhamos sentido antes. A nossa equipa tinha 12 elementos e alguns chegaram ao cume enjoados e com vómitos.

NC/U@O - O esforço é assim tão grande?
CT - Normalmente não, mas nós apanhámos mau tempo a partir de certo ponto e isso tornou o percurso mais difícil porque não podíamos parar para descansar, comer ou beber.
Quando chegámos ao topo não houve tempo para tirar mais de duas ou três fotografias.

NC/U@O - Nem sequer tiveram tempo para apreciar a paisagem?
CT - Estava muito nevoeiro e neve no ar. Por isso era muito difícil ver o que quer que fosse. Aliás as condições climatéricas estavam tão más que, 600 metros mais abaixo, dentro da casa abrigo, a temperatura era de 3 graus negativos.

NC/U@O - Que preparação é necessária para se escalar o Monte Branco?
CT - Se se vai só para escalar o Monte Branco pelo percurso "turístico", nem é preciso muita preparação. A vertente não é muito exigente e até há guias em Chamonix, na base dos Alpes, que levam as pessoas até ao cimo. As pessoas vão dormindo pelas casas abrigo e, em pouco tempo e sem grande dificuldade chegam ao cume.
O que nós fizemos foi a face norte do Monte. Que é um percurso muito mais exigente em termos físicos e técnicos.

NC/U@O - Isso exige um maior planeamento. Estavam bem preparados?
CT - As coisas foram muito bem pensadas. Para além da experiência que reunimos ao longo da vida foi preciso, nos dias que antecederam a subida ao Monte Branco, fazer treinos de preparação. O responsável da expedição, Pedro Pacheco, instrutor do Clube Nacional de Montanhismo, delineou um programa de treinos para diferentes dias em pontos diversos da montanha. Aliás, essa parte foi das que mais agradou porque ficámos a conhecer partes dos Alpes que são menos divulgadas, mas que não deixam de ser bonitas e interessantes.


Um momento de descanso no ponto mais alto da Europa

NC/U@O - Que tipo de treino fizeram?
CT - Começámos por fazer climatização, treinos para andar em cordada e para fazer salvamentos no caso de algo correr mal. Passámos um dia num glaciar a treinar.
Mas a nossa preparação começou muito antes e teve várias etapas entre Dezembro e Junho. Começámos na Serra da Estrela, e passámos para vários picos em Espanha antes de irmos aos Alpes.

NC/U@O - Que tipo de treino fizeram?
CT - Começámos por fazer climatização, treinos para andar em cordada e para fazer salvamentos no caso de algo correr mal. Passámos um dia num glaciar a treinar.
Mas a nossa preparação começou muito antes e teve várias etapas entre Dezembro e Junho. Começámos na Serra da Estrela, e passámos para vários picos em Espanha antes de irmos aos Alpes.

NC/U@O - Depois de uma experiência destas que lições se tiram?
CT - No que me diz respeito, uma coisa é certa: se lá voltar não quero ir ao Monte Branco.

NC/U@O - Pela dificuldade ou porque quer fazer coisas diferentes?
CT - Pelas duas razões. Porque é extremamente difícil e porque gostaria de experimentar outros percursos muito mais bonitos. Aliás, se pensasse em voltar a escalar o Monte, faria-o novamente pela vertente norte, mas com uma dormida a meio. É a única forma de tirar partido, de poder apreciar a beleza da montanha, porque subir tudo de uma só vez, não nos dá tempo sequer para olhar para trás.
De qualquer modo há percursos muito mais bonitos e interessantes do que a subida ao Monte Branco.

NC/U@O - Agora que já esteve no cimo do Monte Branco qual é o próximo objectivo?
CT - Costumo dizer que a Estrela é a escola primária, as serras espanholas são o Ensino Preparatório, os Pirinéus o Secundário e os Alpes e o Atlas de Marrocos a universidade. O Everest é um doutoramento. Mas eu não quero ser professor doutor. A licenciatura já me chega.