Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


A criança, na primeira consulta no Centro, tem que ser acompanhada por um dos progenitores

O Centro de Intervenção Social e Psicopedagógica da Casa do Menino Jesus, desde a sua inauguração, no final de Novembro do ano passado, já observou 89 crianças e fez mais de 200 consultas. O balanço é, portanto, "bastante positivo", considera o director do Centro. Armando Correia lembra que, aquando a abertura do projecto, o número de observações rondaria as 100 crianças, no entanto "vamos ultrapassar em muito esse objectivo. Os pedidos das escolas têm sido bastantes". O Centro de Intervenção Social tem como principal objectivo dar assistência de modo a poder responder afirmativamente a todos os problemas de insucesso escolar, porém e no que diz respeito ao acompanhamento das crianças, aí o balanço não é tão positivo e está aquém das expectativas dos responsáveis. "A maior parte das crianças que nós indicamos para serem acompanhadas não aparece para essas consultas. O que acontece é que as crianças não têm quem as acompanhe e ainda há pais que não aceitam muito bem o facto de os filhos precisarem deste tipo de ajuda", explica Armando Correia.
Para apelar à sensibilização, tanto de pais como de professores, o Centro vai lançar um folheto, já no início do próximo ano lectivo, nas escolas, de maneira a dar-se a conhecer e acima de tudo "demonstrar a importância do seu funcionamento para o reforço das competências das crianças". Ainda que o problema do insucesso escolar seja a principal batalha a travar, há outros que estão directamente associados a este e com os quais tem que se lidar e resolver. "Grande parte das dificuldades que estas crianças apresentam prendem-se com a aprendizagem. Mas não se pode esquecer os de ordem social, pois são crianças que vêm de famílias destruturadas, não têm regras ou modelos parentais", afirma o director do Centro, acrescentando que "a primeira leva de crianças que as escolas nos enviaram apresentavam graves problemas sociais e por isso completamente desinteressadas da escola". Os problemas vão desde a falta de dinheiro, ao alcoolismo, passando por crianças que se suspeita que sejam vítimas de violência. Para que a resolução destes problemas seja possivel, o Centro pretende uma parceria com o Projecto de Luta Contra a Pobreza, "reAgir". Parceiras são também 11 escolas do concelho da Covilhã, com as quais o Centro quer fazer acções de formação práticas para os professores, especialmente do 1º Ciclo. Outros dos projectos do Centro é começar junto dos infantários a fazer esta avaliação, já que "convém que esta seja feita antes das crianças entrarem na escola, uma vez que já estariam identificadas como possiveis portadoras de dislexia e que iriam ter problemas de leitura e escrita". Todavia, a falta de verbas, que leva já um atraso de três meses, põe em causa a dinamização que os responsáveis querem dar ao Centro, entre elas a colocação de uma gradeamento na parte de fora do edifício.
Já em relação à assinatura de um protocolo com o Serviço de Pedopsiquiatria do Centro Hospitalar, Armando Correia esclarece que a ideia ainda se mantém, mas a sua concretização ainda não foi firmada."Tornou-se difícil. A consulta de Pedopsiquiatria está tão cheia e os profissionais são tão escassos que seria impossivel assinar qualquer protocolo. As 'nossas' crianças teriam que esperam pelo menos dois anos para serem atendidas, já que o tempo de espera é esse mesmo". Com os mesmos profissionais no quadro, desde que entrou em funcionamento, o responsável confessa que é preciso uma terapeuta da fala. Quanto à continuação ou não deste projecto, integrado na iniciativa "Ser Criança", do Instituto de Dsenvolvimento Social, Armando Correia explica que ainda que seja seu desejo que o Centro se mantenha aberto para lá destes três anos, o mais importante é reduzir o insucesso escolar. "Estamos a trabalhar para obter resultados positivos não para a continuidade do Centro, mas sim para o bem estar das crianças", ressalva.