As trabalhadoras da Gartêxtil, na Guarda, empresa
que encerrou portas há pouco, estiveram na segunda-feira,
1, em Caria, frente à empresa Carveste (que administrava
a empresa da Guarda) para entregar, "a título
simbólico", as chaves da Gartêxtil.
Porém, as chaves não ficaram em Caria. É
que, segundo o representante do Sindicato Têxtil
da Beira Alta, Carlos João, a entrega seria feita
caso a empresa pagasse os ordenados em atraso, Maio e
Junho, o que acabou por não acontecer. Porém,
o sindicalista diz que "abriu-se uma porta, a do
diálogo. E estou convencido que ainda será
possível reabrir a empresa" .
Carlos João sabe que, "quanto mais tempo passar,
maior é o desânimo", mas promete lutar
por este objectivo. E para tal diz ser obrigatório
o Governo "que também é accionista",
nomear "um gestor do IAPMEI". O sindicalista
continua convicto que o fecho da empresa "não
foi transparente. Ninguém esperava que uma empresa
que trabalhou até Abril, com horas extraórdinárias,
mandasse as trabalhadoras para casa em Maio. É
esquisito".
Já Isabel Pinheiro, trabalhadora da empresa e delegada
sindical, garante que a contestação pode
continuar e que as operárias poderão ir
mesmo até Lisboa, "ao Governo, fazer barulho.
Acima de tudo, o que queremos é a viabilização
da empresa, para ficarmos com os nosso postos de trabalho"
afirma.
O Sindicato entregou à administração
da Carveste um documento no qual lembra que foram "injectados
mais de 370 mil contos enviados pelo Estado" e no
qual contesta o facto da administração dizer
que não há encomendas. Recorde-se que a
Gartêxtil parou a laboração em Maio,
quando as trabalhadoras foram mandadas de "férias
forçadas", pois a administração
dizia não existirem encomendas. E mandou as operárias
apresentarem-se no dia 3 de Junho, só que nessa
data, a actividade não se retomou. Depois disso,
as trabalhadoras já se manifestaram frente ao Governo
Civil da Guarda e realizaram uma caminhada para reclamar
os salários, bem como a reabertura da empresa.
O Sindicato Têxtil exige o apuramento de responsabilidades
e quer saber a "quem interessa acabar com a Gartêxtil".
E lembra que, se calhar, em termos sociais, será
difícil para as trabalhadoras mudar de profissão,
pois muitas delas estavam na empresa há 20 anos.
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