"O Mundo Religioso de Gil Vicente" é
o nome do livro apresentado na passada quinta feira na
Reitoria da UBI. Da autoria de José Alberto Lopes
da Silva, a obra, editada pela UBI, fala sobre a vida
e obra do autor vicentino, apresentando uma visão
diferente da que é habitual perante o dramaturgo
português.
"Gil Vicente não era aquele malandro que muitas
vezes aparece nos artigos que se escrevem sobre ele".
José Lopes da Silva afirma que Gil Vicente era
o contrário do que julga à primeira leitura.
"Gil Vicente era profundamente religioso, profundamente
ortodoxo e amigo da igreja", refere e acrescenta,
"Ele não atacava o papado em geral, mas o
papa tal, o cardeal ou o bispo que só fazia asneiras.
Não era por ser bispo, cardeal, ou padre, mas porque,
no entender dele, esses tipos sujavam a igreja. É
uma interpretação completamente contrária
ao que habitualmente se faz que é apresentá-lo
como se fosse uma pessoa anti religiosa".
O livro, apresentado por Maria Idalina Resina, professora
catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa e
especialista em literatura vicentina, celebra, embora
por coincidência, o quinto centenário do
"Auto da Visitação", de Gil Vicente,
que se comemorou durante o mês de Junho.
Para realizar esta obra que resulta de uma tese de doutoramento,
Lopes da Silva pesquisou durante 10 anos, alguns dos quais
com jornadas "de 15 horas diárias". Por
isso o livro é muito detalhado. "Este livro
tem muitas leituras e muitos leitores. Pode haver leitores
que tenham interesse pela parte histórica, e ficam
a saber muitas coisas do tempo de Gil Vicente, o século
XVI. Os que querem entrar na parte literária podem
entender porque é que Gil Vicente escreveu certas
coisas, onde é que as bebeu, no caso, por exemplo
da Bíblia, do Ofício ou dos espanhóis",
explica o investigador.
José Lopes da Silva diz que o capítulo que
para muitos será mais interessante de ler é
o sexto, onde aborda a moral do século XVI. "Mostra
como é que se vivia, o que era pecado, o que era
bom ou mau, porque é que a prostituição
não era considerada tão má naquele
tempo, e era aceite com uma certa normalidade, é
um capítulo que para muitos será certamente
mais interessante de ler porque não tem tanta implicação
de estudo", aponta.
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