NC/Urbi et Orbi


Os distritos da Guarda, Viseu e Castelo Branco são, na região, aqueles onde se verificam as condições mais difíceis de funcionamento escolar. O dado foi avançado pelo dirigente do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC), Francisco Almeida, na apresentação do estudo "Resposta Social para as crianças do 1º ciclo do Ensino Básico", no distrito da Guarda, promovido pelo SPRC através de questionário enviado a todas as escolas do 1º ciclo, em Janeiro deste ano.
No estudo estão 313 respostas das cerca de 400 escolas existentes, que forneceram dados referentes a 497 turmas, onde estudam 5324 crianças, entre os 1º e 4º ano de escolaridade. Segundo os dados, em 71,2 por cento das escolas do distrito da Guarda com funcionamento normal, 2902 crianças vão almoçar a casa. Apenas 14,4 por cento almoçam na escola, mas em mais de uma terça parte destes casos, as crianças levam de casa o que lhes serve de refeição. Só em 2,9 por cento das escolas que responderam ao inquérito existe cantina e refeitório. Nas outras (5,8 por cento), o almoço é fornecido por uma empresa ou instituição social. O sindicato conclui que só em 27 escolas existe um serviço próprio de refeição.
Também se conclui que 81,3 por cento das crianças têm que utilizar a sala de aula para almoçar, enquanto a quase totalidade das restantes usa o recreio. Nas escolas com serviço de refeição, em 66,7 por cento dos casos o almoço é servido num espaço adaptado, mas ainda existem crianças que comem nas salas e átrio. Das 313 escolas que responderam ao questionário, 98,7 não possui refeitório.
No que diz respeito à Ocupação de Tempos Livres (OTL), para crianças do 1º ciclo do Ensino Básico, em 71,1 por cento das escolas não há acesso à ocupação desses tempos. Quando existe acesso, o serviço funciona, na maioria dos casos, sob responsabilidade e em instalações de instituições privadas.
Para Francisco Almeida, as "autarquias locais continuam sem fazer investimento significativo neste domínio". O SPRC considera "violência intolerável" o facto de numa quarta parte das situações as crianças permanecerem na ocupação dos tempos livres na própria sala de aula, onde dedicam grande parte do tempo aos trabalhos de casa. Lugares que, em 37,5 por cento dos casos, "são dinamizados por pessoas sem a necessária formação, quando há pessoas qualificadas para isso e no desemprego".