"Há um recurso excessivo ao crédito interno e externo, provocando, uma situação insustentável no futuro", diz Ferreira do Amaral
USCB debate Coesão Económica e Social
Portugal sem fundos comunitários já em 2006

Coesão Social, estratégias das empresas - papel do aparelho produtivo e políticas envolventes, foram os temas discutidos na tarde do dia 27, no debate organizado pela União dos Sindicatos de Castelo Branco com o apoio da UBI.
A situação do nosso País num futuro próximo foi debatida pelos oradores que abordaram um aspecto consensual: A fraca competitividade, a deslocalização de empresas e a perda de fundos comunitários em 2006 podem levar o País a uma situação insustentável num futuro próximo.


Por Mariana Morais


"Nos últimos 10 anos Portugal perdeu competitividade em relação aos outros países. Há um recurso excessivo ao crédito interno e externo, provocando, uma situação insustentável no futuro". As palavras são de Ferreira do Amaral, ex assessor do Presidente da República e professor no ISEG, um dos oradores da conferência que decorreu no pólo da Ernesto Cruz, na passada quinta feira, 27, organizado pela União dos Sindicatos de Castelo Branco e que contou com o apoio da UBI.
Na opinião de Ferreira do Amaral "nos últimos 10 anos Portugal perdeu competitividade em relação aos outros países. Há um recurso excessivo ao crédito interno e externo, provocando uma situação insustentável no futuro". Na opinião deste economista "existem grandes atrasos na inovação tecnológica. Há falta de pontualidade no cumprimento de prazos, motivada, entre outros factores, pelo mau funcionamento dos transportes. A formação profissional deficiente é, na sua opinião, "uma das razões para a deslocalização de empresas para os países de leste, candidatos à integração na U.E. e que possuem uma mão de obra melhor qualificada e mais barata que a nossa" , constata o ex-assessor do Presidente da República.
Vasco Cal, fez um balanço da situação do nosso País em relação aos demais países da EU. "Portugal, por pertencer a uma das zonas mais atrasadas da UE beneficia de fundos estruturais que, em 2006, com a entrada dos países de leste candidatos à adesão, lhe serão retirados por esses países se encontrarem numa situação mais deprimida economicamente".
Carvalho da Silva, secretário geral da CGTP, Octávio Teixeira, economista, ex-. presidente do grupo parlamentar do PCP, Ferreira do Amaral, professor do ISEG, ex-assessor do Presidente da República e Vasco Cal, economista, assessor da Comissão Europeia da União Europeia (UE) analisaram o estado actual do aparelho produtivo do nosso país, as estratégias das empresas e políticas envolventes.

Modelo esgotado

No desenrolar do debate Octávio Teixeira considerou que o modelo económico do aumento da produtividade, assente em baixos salários está esgotado, e é o responsável pelo atraso da nossa economia. "Enquanto as empresas têm conseguido sobreviver com baixos salários não investem em mudanças de caracter tecnológico. Da parte do governo a resposta é nula. No seu programa não há nenhuma medida para o aumento da produtividade. Deviam ser criadas regras para evitar a deslocalização de empresas, como o pagamento dos apoios recebidos por parte do Estado e também à segurança social".
Já na parte final, o secretário geral da CGTP, Carvalho da Silva salientou que "não existem países desenvolvidos sem aparelho produtivo e sem política social. No nosso país a dimensão do social está entregue ao económico, cuja lógica é a do lucro a todo o custo. As forças sociais e políticas de extrema-direita estão no poder e a agir com determinação, por isso é preciso e urgente um confronto ideológico".
Em resposta a alguns questões colocadas pela assistência, Carvalho da Silva considerou como uma das perspectivas para a situação de crise, a construção de dinâmicas regionais e locais contando, entre outros agentes, com a participação das universidades.