Fechou, na quinta feira, 13, o posto da GNR do Tortosendo.
Um encerramento ordenado pelo Comando Geral desta força
policial e pelo Ministério da Administração
Interna, por entenderem que o posto não oferecia
as necessárias condições de habitabilidade.
Recorde-se que, tal como o NC já havia noticiado,
há pouco mais de um mês um relatório
da Inspecção Geral da Administração
Interna (IGAI) recomendava o fecho daquela estrutura,
por considerar não haver condições
para os efectivos da GNR. E, mais recentemente, o posto
foi mesmo atacado por uma praga de formigas. Para o comandante
do destacamento da Covilhã, Albino Tavares, este
fecho é apenas provisório e os militares
que faziam serviço naquela vila, "vão
continuar a fazê-lo. Só que, estarão
na Covilhã e é de lá que saem".
Albino Tavares diz que no posto da cidade serrana, "vamos
ficar um pouco mais apertados", e confia que uma
solução irá ser encontrada para o
Tortosendo. Nesta localidade estavam em serviço
19 homens da GNR.
A verdade é que esta decisão provocou uma
onda de contestação por parte da população
do Tortosendo, que saiu à rua para mostrar o seu
descontentamento, junto ao posto da vila. E nem as crianças
ficaram em casa, já que muitas, vindas do Externato
de Nossa Senhora dos Remédios, manifestaram-se
com cartazes, que diziam "GNR sim, violência
não". Uma solidariedade elogiada pela presidente
da junta de freguesia do Tortosendo, Carlos Abreu, que
critica a "irresponsabilidade" de quem mandou
fechar o posto. "Não é permitido que
se feche um posto que serve as populações
das freguesias do Dominguiso, Vales do Rio e Peso. Foi
encerrado sem consultarem a Junta e a Câmara. E
após reuniões com o Governador Civil, que
também foi ultrapassado" afirma Carlos Abreu.
O autarca relembra que estavam a ser procuradas novas
soluções, que poderiam passar pela transferência
do posto para uma casa alugada, e que "há
já dez anos que o novo posto está prometido.
A Câmara já fez o projecto e a Junta já
cedeu o terreno há seis anos". Carlos Abreu
diz que não vai deixar que o posto deixe de estar
sediado no Tortosendo e que até já havia
uma alternativa condigna, "que os responsáveis
da GNR não tiveram em conta. Este é um problema
de todos nós. Temos que evitar que outros de fora
venham interferir no nosso pacifismo" afirma Abreu.
Câmara paga segurança privada
Quanto ao presidente da Câmara da Covilhã,
Carlos Pinto, classifica o encerramento do posto como
"um gesto de irresponsabilidade" que "vai
ter direito a resposta", tenha ele sido decretado
pelo Comando Geral da GNR ou pelo Governo. O autarca diz
não ter sido ouvido e classifica quem decidiu fechar
o posto de "ignorantes do País". Pinto
garante que tudo vai fazer para que a GNR permaneça
no Tortosendo e que os agentes ainda podiam ficar naquele
edifício mais algum tempo, até se encontrar
uma solução, que até estava perto
de ser concretizada. Para que a população
não se sinta insegura, o autarca covilhanense já
avançou com uma medida: contratar uma empresa de
segurança privada que vai iniciar a sua actividade
esta semana. "A vila do Tortosendo não pode
estar em causa" afirma Pinto.
Num discurso muito duro, perante dezenas de populares,
Pinto disse que esta é forma da Covilhã
dar uma lição ao Governo, que não
consegue assegurar as condições ideais de
segurança na vila. E o autarca covilhanense avisa
mesmo: "Vão pagá-las".
Também a Comissão de freguesia do PCP, naquela
vila, já se manifestou contra o encerramento do
posto. Os comunistas dizem que foi retirado "um serviço
fundamental" da freguesia e que este problema, da
falta de condições, arrasta-se há
décadas, caindo de promessa em promessa. A CDU
recorda que na Assembleia Municipal de 6 de Abril terá
perguntado porque é que a infra-estrutura do posto
da GNR não constava do Plano de Actividades, mas
que a Câmara terá dito que tudo estava controlado.
Por isso, diz a CDU "não podemos deixar de
estranhar que a Câmara e a Junta venham agora afirmar
que foram apanhados de surpresa. Não temos dúvidas
que a inclusão deste equipamento no Plano daria
à Câmara mais força para exigir e
lutar por aquilo a que as populações têm
direito". No entanto, os comunistas diz fechar o
posto sem assegurar uma alternativa é uma medida
"leviana, errada e só feita por quem põe
os interesses financeiros à frente dos interesses
da população". O PCP já fez
chegar esta situação ao Grupo Parlamentar
do PCP para que se interpele o Governo sobre esta situação
e para que se obrigue o PSD/PP "a arrepiar caminho".
No entanto, já na terça-feira, em declarações
à Rádio da Covilhã, o Governador
Civil do distrito, Pereira Lopes, garantiu que já
foi encontrada solução para a GNR do Tortosendo,
que passará a ocupar um edifício remodelado
pela Junta de Freguesia.
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