Dos inúmeros temas que estiveram em debate durante
as Jornadas de Jornalismo On line resultaram poucas conclusões
e muitas ideias.
As potencialidades e o futuro de um ainda recente meio
de comunicação, proporcionaram um debate
saudável em torno de questões como a morte
dos media tradicionais, o fim do jornalismo como hoje
o concebemos e o papel dos weblogs na circulação
da informação da actualidade.
Em comparação com os media tradicionais,
o arquivo é considerado uma das mais valias do
on line, que permite aceder a conteúdos relacionados
com o que estamos a ler num determinado momento. Esta
é uma inovação relativamente aos
outros media que, tal como a imediatividade e velocidade
não conhecem paralelo. No entanto, se o on line
tem estas mais valias, também se debateu o possível
desaparecimento dos media numa fusão operada pela
internet, concluindo-se que cada um ocupa o seu lugar.
O on line ocupa, por enquanto, uma função
que ainda não tem uma definição específica,
uma vez que continua preso às formas de jornalismo
tradicionais.
"Neste momento ainda somos todos muito o decalque
do que já se faz nos outros meios", diz Paulo
Bastos, da TVI on line. O jornalista defende que ainda
não existe uma especificidade da internet. "Os
jornais que aparecem on line têm cara de jornais
de imprensa, as rádios têm cara de rádios,
mas online, e o mesmo acontece com as televisões.
Não temos internet on line, é basicamente
o que falta", defende Pulo Bastos.
Agora que finalmente é possível não
ter de tirar um curso para navegar, será possível
começar a dar a volta ao texto e inventar formas
de comunicação que sejam específicas
da internet", acrescenta o jornalista.
"Jornalismo on line ainda está a dar os
primeiros passos"
Um estudo feito por dois investigadores americanos revela
que nove por cento dos leitores já procura a internet
como meio privilegiado de procurar notícias. Em
Portugal o jornalismo on line ainda não tem o peso
que parece ter para os americanos.
Num País onde a utilização da internet
ainda não é para todos, jornais, rádios
e televisão on line continuam a ser para minorias.
Apesar de o jornalismo on line permitir o acesso a conteúdos
e a informações de forma muito mais imediata
do que acontece nos outros meios, António Granado,
jornalista do jornal Público, acredita que "o
jornalismo on line está ainda a dar os primeiros
passos".
Até à chegada da internet, o serviço
noticioso mais imediato era dado pelas agências.
Agora, os sites noticiosos actualizam constantemente a
informação. "O on line permite que
a qualquer momento se possam saber as notícias
de última hora", refere o jornalista.
A possibilidade de aceder à notícias quando
se quer é considerada uma das valias mais importantes
do on line.
A par da velocidade, o arquivo é também
apontado como uma das grandes qualidades dos meios on
line. Os links associados à memória e ao
arquivo, permitem ao leitor procurar mais sobre um determinado
assunto, em qualquer altura. Uma noção nova
de temporalidade que também não existe nos
meios tradicionais.
" Quando lemos uma notícia podemos ao mesmo
tempo, ao lado da página, ter acesso ao que foi
dito nos últimos dias sobre o assunto, a outros
assuntos relacionados, a imagens, que é algo que
nenhum dos outros meios tem", afirma António
Granado. "A rádio não tem uma memória
que seja controlada pelo ouvinte, o telespectaor a mesma
coisa e o leitor de jornal também. Se ele diz "tenho
impressão que já ouvi falar sobre este assunto",
não tem hipótese de consultar o arquivo.
Muitos jornais on line já têm uma caixa de
pesquisa, ou um arquivo, e isso é uma grande potencialidade
que a internet vem abrir, a pessoa poder contextualizar
a notícia com muito mais facilidade", refere.
Quanto ao papel dos jornalistas, será sempre essencial,
como fonte de credibilidade da notícia. "Não
é qualquer pessoa que, só por ter acesso
e colocar informação na internet se torna
um jornalista. Pelo contrário, nos meios de comunicação,
a organização tradicional de informação,
da redacção, da edição, da
notícia que se encontram nos vários meios,
seja na televisão, na imprensa ou na rádio,
também continuam a valer para os órgãos
jornalísticos on line", defende António
Fidalgo.
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