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Santo António ainda faz milagres
Saído às ruas de Lisboa para ver as festas
populares, para além das habituais marchas na Avenida
da Liberdade, encontrei festas verdadeiramente populares
pelos bairros lisboetas. Nas sete colinas surpreenderam-me
as dezenas, senão mesmo centenas de milhares de
pessoas que enchiam e animavam aquelas ruas.
Na Avenida da Liberdade, o mesmo de sempre: marchas acompanhada
de fanfarras, umas mais afinadas do que outras, mas por
aqui não me demorei muito.
Caminhei até Alfama e, aqui sim, a festa era a
valer. Sardinha assada por todos os cantos, restaurantes
improvisados, muitos deles pelos próprios moradores,
e vendedores de cerveja, vinho e outras bebidas por todas
as esquinas do bairro.
O curioso, no meio disto tudo, eram as pessoas que por
aqui passavam. A grande maioria jovens, e de todos os
géneros e estilos.
Os tempos mudam, mas se há coisa que, provavelmente,
não vai acabar, são estes arraiais.
Um aspecto interessante no meio de uma crise e de contenção
em que o país vive, depois do anúncio de
que o índice de confiança dos portugueses
é o mais baixo desde 1900, foi curioso notar o
vigor da economia popular, proporcional ao daqueles que
gastavam para se divertirem numa boa noite de farra.
É verdade, a crise existe, assim diz o Governo,
mas Santo António não deixa os créditos
por mãos alheias. Afinal os Santos ainda fazem
milagres.
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