Carlos Pinto diz que é preciso que o Governo invista no Interior, o que não foi feito ao longo dos anos
Autarca da Covilhã manifesta-se pela primeira vez
Pinto contra portagens
na Auto-Estrada


Pela primeira vez, o autarca social-democrata revela-se publicamente contra a opção do Governo em colocar portagens reais na Auto-Estrada da Beira Interior. Carlos Pinto diz que, deixar tudo como está, seria um sinal de solidariedade nacional.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


"A Câmara da Covilhã não aceita, de modo nenhum, que se paguem portagens na Auto-Estrada da Beira Interior. É preciso que nos deêm aquilo que foi a falta de investimento durante muitos decénios". A declaração é do presidente da Câmara da Covilhã, que vem, desta maneira, manifestar a sua total discordância com a intenção de se colocarem portagens reais na Auto-Estrada da Beira Interior. Carlos Pinto junta-se, assim, ao grupo de pessoas, entre as quais, empresários, instituições, deputados, partidos políticos e outros autarcas, que repudiam qualquer tentativa do Governo em acabar com as Auto-Estradas Sem Custos para o Utilizador (SCUTS). "Que cobrem portagens na CREL de Loures, porque aí fazem muito investimento e têm muitas receitas. Deixem a Auto-Estrada com esse sinal de solidariedade nacional, porque a autarquia não aceita que o IP2 não seja de livre circulação para os que aqui habitam", acrescenta Pinto. Também Miguel Nascimento, vereador do Partido Socialista, na última sessão do executivo camarário, pedia à autarquia, em especial, a Carlos Pinto, uma posição "mais firme e objectiva" perante esta situação.
A onda de manifestação contra a intenção de Valente de Oliveira, Ministro das Obras Públicas, tomou contornos de total mobilização regional, ultrapassando as "fronteiras" dos distritos de Castelo Branco e Guarda. Recorde-se, tal como o NC tem vindo a anunciar, que Jorge Patrão, da Região de Turismo da Serra da Estrela, foi dos primeiros a insurgir-se contra tal intenção, o que o levou a escrever a Valente de Oliveira. Outros se seguiram na contestação. Joaquim Morão, autarca de Castelo Branco, relembra a importância da obra para todo o Interior, daí manifestar-se claramente contra qualquer tipo de pagamento na Auto-Estrada. Também o presidente da Associação Empresarial da Região de Castelo Branco (NERCAB), Luís Veiga, afirma que esta situação é uma "infâmia perante todas as expectativas que foram criadas aos empresários da Beira Baixa". Já Amândio Melo, edil de Belmonte, não concorda com esta medida, uma vez que é mais "um factor negativo para a região". Maria do Carmo Borges, presidente da Câmara guardense, os deputados socialistas José Sócrates, Fernando Serrasqueiro, Cristina Granada, as Federações do PS dos distritos da Guarda, Castelo Branco e Santarém, todos eles constestam a intenção. No entanto, as vozes discordantes não acabam nos partidos e forças opostas ao Executivo. Do seio do próprio PSD também há quem não veja com bons olhos esta medida. É o caso de Ana Manso, deputada social-democrata e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República e o Governador Civil do distrito albicastrense, Pereira Lopes.