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Os cerca de 200 trabalhadores da fábrica de confecções Gartêxtil, na Guarda, confrontaram-se na segunda-feira com o encerramento da empresa, depois de há três semanas atrás a administração os ter mandado de "férias forçadas", segundo fonte sindical citada pela Agência Lusa.
Para Carlos João, do Sindicato de Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Alta, a abertura da fábrica estava prevista para segunda-feira, mas ninguém da direcção do Grupo Carveste (que geria esta unidade) terá comparecido. Por isso, os salários de Maio e o subsídio de férias aos operários não terão sido pagos. No entanto, na segunda-feira, os trabalhadores apareceram na fábrica, marcaram, como habitualmente o cartão de entrada ao serviço, mas não laboraram.
Segundo a Lusa, o administrador da Gartêxtil, Francisco Cabral, comunicara há uma semana que se demitira das funções, embora pedisse aos operários para se apresentarem na fábrica no final das férias, ao mesmo tempo que informava que a empresa iria entrar num processo de recuperação. O sindicalista Carlos João salienta que as "férias forçadas dos trabalhadores foram explicadas pela administração pela falta de encomendas". Algumas trabalhadoras dizem que na passada semana foram informadas que a empresa "não iria mais abrir", algo que as surpreendeu.

Pina Moura pede esclarecimentos

O Sindicato Têxtil da Beira Alta reuniu, durante a manhã de segunda-feira, com os deputados eleitos pelo distrito da Guarda, de modo a debater a situação da Gartêxtil, numa reunião na qual esteve o ex-ministro da Economia (actual deputado), Pina Moura. Este responsável manifestou a sua solidariedade para com os operários e assegurou que o PS apelou ao Governo para que rapidamente avalie as causas da situação empresarial em que a fábrica se encontra e desenvolva as iniciativas que permitam que o fundo de garantia salarial seja aplicado aos trabalhadores.
Pina Moura defende ser "essencial que o Governo determine as causas pelas quais a empresa passou de uma situação plena de laboração para uma situação de encerramento". Há uma semana atrás, os deputados socialistas pela Guarda, Pina Moura e Fernando Cabral, pediram na Assembleia da República informações sobre se o Governo tem ou não "uma política de incentivo à reestruturação empresarial nas regiões e localidades de monoindústria", bem como se mantém "o operativo do sistema de incentivos à reestruturação e modernização empresarial gerido pelo IAPMEI".
Pina Moura diz que ainda não obteve respostas do Governo e mostra-se preocupado com a crise que têm afectado os têxteis no Interior, pelo que já pediu uma audiência ao ministro da Economia.
Também os vereadores do PSD, na autarquia guardense, já reagiram a este encerramento. Para Ana Manso, o problema da Gartêxtil "é o resultado da desastrosa política económica e da errada estratégia de apoio à empresa, da responsabilidade do Governo anterior". Os vereadores laranjas defendem que, caso não se encontre uma solução para a empresa, a Câmara da Guarda delibere só estar disponível para estudar qualquer outra viabilidade dos terrenos onde está sediada a Gartêxtil, se forem cumpridas as condicionantes de estarem pagas, na totalidade, as indemnizações e salários a todos os trabalhadores da fábrica ou, no caso de ainda não estarem, qualquer licenciamento ficar expressamente condicionado a esse prévio pagamento.