"Preocupa-me a situação das pessoas
que aqui trabalham. De qualquer forma, estou confiante
que as pessoas não sejam insensíveis, pois
as pessoas que cá temos são imprescindíveis.
Confio na sensibilidade e que se tomem medidas correctas".
É assim que o presidente da Comissão Instaladora
do Hospital da Cova da Beira (HCB), João Casteleiro,
reage às possíveis medidas do Governo em
não renovar muitos dos contratos a prazo estabelecidos
na Função Pública, uma situação
à qual o sector da Saúde também não
deverá escapar.
O Hospital da Cova da Beira, apesar de ser uma estrutura
nova, com pouco mais de dois anos, ainda continua a funcionar
com os quadros de pessoal das antigas instalações.
Apesar dos vários apelos da administração
à ARS- Centro para que se desbloqueie o problema
e se aprovem novos quadros, a verdade é que nada
de novo ainda se verificou até ao momento. Por
isso, desde a sua abertura, o HCB passou a celebrar vários
contratos a prazo e a recorrer a algumas pessoas vindas
do Instituto de Emprego e Formação Profissional
(IEFP). Agora, muitos deles podem correr o risco de perder
o emprego. "O Hospital tem muita gente com contratos
a prazo, porque quando se fez a mudança, continuámos
com o quadro do antigo hospital. Em condições
normais teria sido criado um quadro provisório,
para o novo hospital, no qual seria incluída toda
a gente. Só que não foi assim. Tudo continua
nas mesma. Por isso, para satisfazer as reais necessidades
foi preciso fazer estes contratos. Há já
dois anos que apresentámos o quadro, mas nada.
Embora me fosse prometido que em breve estaria resolvido"
garante João Casteleiro. Mas este responsável
nega a hipótese de uma crise no HCB pois, apesar
de tudo, "temos um quadro. Em caso de cortes, teria
que se exigir aos profissionais um trabalho redobrado,
o que em alguns sectores não é possível
fazer" salienta.
O presidente da Comissão Instaladora do Hospital
garante que tem havido uma "política de contenção,
recorrendo a pessoas do Centro de Emprego, às quais
damos formação. Mas se houver uma grande
rotatividade, nunca chegamos a tirar a produtividade desejada.
Se se fixarem as pessoas, a produtividade será
melhor" assegura João Casteleiro.
Menos burocracia com novo modelo de gestão
Na passada semana, o DN noticiava a intenção
do Governo em gerir directamente dez unidades de Saúde,
no nosso País, entre as quais se situava o Hospital
da Cova da Beira. Assim, o Ministério pretendia
uma maior responsabilização das administrações
dos hospitais, com menos desperdícios e maiores
ganhos para a saúde. Para João Casteleiro,
a medida revela-se positiva, pois evita alguma burocracia.
"Acho bem. Quanto maior for o número de pessoas
que tivermos que contactar antes de chegar ao ministro
ou secretário de estado, é lógico
que mais coisas vão ficando pelo caminho. Estou
de acordo com a medida, embora nos aumente a responsabilidade.
Mas ao mesmo tempo dá a hipótese de tratar
directamente dos assuntos, que muitas vezes sofrem processos
de recuo nas ARS" afirma João Casteleiro.
O presidente da Comissão Instaladora do HCB acredita
que possa haver melhorias no hospital com esta forma de
gestão, "embora não possamos dizer
que estamos a dormir, tendo em conta o esforço
que nós fazemos. No Centro Hospitalar temos níveis
de produtividade invejáveis para muitos hospitais"
E adianta que, fazendo fé no que leu, a partir
de agora, "o interlocutor privilegiado será
o secretário de Estado. As coisas não terão
que passar pela ARS, embora não esteja em conta
o seu papel" afirma Casteleiro.
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