"Nem que haja mudanças
de cores no Governo, o Regadio da Cova da Beira estará
concluído em 2006". A frase pertence ao ex-ministro
da Agricultura, Capoulas Santos, e remonta a 28 de Fevereiro
de 2001, quando no Fundão, o ex-ministro assinou
o contrato para construção do Circuito Hidráulico
entre as barragens da Meimoa e Sabugal.
Porém, esse prazo pode estar comprometido. Pelo menos,
foi isso que o agora Ministro da Agricultura, Armando Sevinate
Pinto, disse no sábado, 25, na Covilhã, nas
comemorações do Dia do Guarda Florestal, já
depois do presidente da Câmara da Covilhã,
Carlos Pinto, ter alertado para a importância da prossecução
desta obra "fundamental". Este responsável
do Governo espera que em 2006 o Regadio esteja pronto, mas
não garante esse prazo. "Não dou garantias,
nem posso dar. Nem sequer sou capaz de ser ainda preciso
sobre esta matéria, pois somos Governo há
pouco tempo. Só posso garantir que o Regadio vai
prosseguir nos moldes em que estava planeado e, se possível,
iremos intensificar a sua execução. É
este o aspecto mais importante" salienta Sevinate Pinto.
Fundos europeus em risco
Para o ministro, a maior preocupação do
seu ministério são "as obras que não
se fazem. Não é as obras que se devem fazer,
mas que não se conseguem fazer a tempo de bem utilizar
os dinheiros públicos" explica Sevinate Pinto.
É que, até agora, no que concerne aos regadios
em construção no nosso País, a taxa
de execução que se tem conseguido até
agora "é pior que má", o mesmo
sucedendo no caso da Cova da Beira. E, segundo o ministro,
não se têm aproveitado bem os fundos comunitários
que chegaram a Portugal para se efectuarem essas obras.
No caso do Regadio da Cova da Beira, o mesmo tem sucedido,
e provavelmente, será necessário devolver
verbas a Bruxelas. "O meu problema é executar.
Corremos riscos graves de ter que devolver meios que nos
eram afectados. E no caso deste Regadio também.
Se não gastarmos os meios comunitários que
temos à nossa disposição, teremos
que os devolver. As regras são rígidas e
precisas. Já devolvemos meios, este ano, que não
foram bem utilizados. Por isso há que aumentar
as taxas de execução. Tem que se alterar
muita coisa" explica Sevinate Pinto.
Recorde-se que esta é uma obra esperada pelos agricultores
da Beira Interior há mais de 20 anos, que tem sido
adiada sucessivamente. Previa-se que, em termos nacionais,
em 2006, estivessem concluídos 72 mil hectares
de regadio.
Na Cova da Beira, o Regadio é considerado fundamental,
não só para a agricultura, mas também
em termos energéticos, já que a rega será
feita sem pressão, ou seja, sem gastos de energia.
Porém, em Fevereiro, presidente da Associação
de Beneficiários da Cova da Beira, António
Cardoso, temia que os prazos não se cumprissem
e lembrava que esta era uma obra que os agricultores anseiam
há muitos anos. Recorde-se na altura acabara de
ser lançado o concurso internacional para o último
troço do Canal Condutor Geral, numa extensão
de 27,9 quilómetros e com o preço base de
16 milhões de euros.
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