Por
Alexandre Silva
"Longa
se torna a espera" cantavam os Xutos e Pontapés
num tema com o mesmo
nome. E a espera foi, efectivamente, longa. Depois
da obra prima "Mud Stories", de
1999, o primeiro álbum de originais da
pianista belga An Pierlé, "Helium
Sunset", o seu
segundo trabalho, surge três "penosos"
anos depois.
Lançado em Fevereiro último com
a etiqueta da Warner Music Benelux, o disco perdeu
a inocência do primeiro e os "duelos"
íntimos travados, à vez, com o piano,
o órgão ou
o acordeão. Aliás, os únicos
instrumentos utilizados, então, para além
da voz, pela
cantora-compositora. Mas alegrem-se os fãs
que nem tudo está perdido. A
irreverência da adolescente que nunca gostou
da sua educação clássica
e que chocou
os professores dos melhores conservatórios
belgas continua imaculada por debaixo de
uma maquilhagem pop que realça apenas o
essencial.
Mais melódico e instrumentalizado, "Helium
Sunset" acaba por ser a evolução
natural
de um processo de maturidade da autora que não
deixa, todavia, de injectar, em
grande parte das 12 faixas que compõem
o álbum, uma dose de agressividade
psicológica muito própria, a fazer
lembrar capítulos de "Mud Stories"
como "God in a
Cage", "Mad Dog Watch" ou "Nebraska".