Ciclo de conferências
sobre religião e modernidade
A expressão do
sagrado na sociedade actual
Teixeira Fernandes
deu uma visão global do fenómeno religioso
na sociedade contemporânea e proporcionou um debate
com a assistência. Deus, Ética, pecado e
seitas religiosas foram alguns dos temas em discussão
em mais uma conferência do ciclo promovido pelo
Departamento de Sociologia da UBI.
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Por Rui Castro
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Professor Catedrático da Universidade do Porto, director
do Instituto de Sociologia da mesma Universidade e da revista
"Sociologia", António Teixeira Fernandes
discursou na passada quinta-feira, dia 23, na UBI, perante
uma plateia bastante interventiva sobre "Modos de vida
e expressão do sagrado".
O conferencista abordou a questão da religião
dentro dos diversos contextos sociais, analisando ao mesmo
tempo o modo como as classes sociais fazem uso dela. De
uma forma bastante aprofundada, avaliou o universo religioso
chamando a atenção para alguns elementos que
o integram, como a concepção de Deus, da Ética
e o sentido de pecado, estabelecendo de seguida uma comparação
com seitas religiosas e outros movimentos associados. Falou
ainda sobre as teorias actuais que explicam o fenómeno
religioso e os paradigmas da civilização.
Diz o orador que, por exemplo, a teoria da privatização
da religião e a teoria da modernidade, não
são alternativas, mas acabam por se completar, muito
embora "se inscrevam em registos diferentes, analisem
processos também diferentes e em épocas distintas."
Para Teixeira Fernandes, a religião é tomada
hoje em dia como uma procura de sentido para a vida, como
" um campo de sentido" que muitas pessoas procuram
dar à sua existência. Para reforçar
esta ideia, o professor lembra Leibniz ao dizer que "
Deus é o geometral de todas as coisas". Explica
que quando se fala da religião como uma procura de
sentido, "tem lógica porque, nessa linha, Deus
é o ponto de encontro de todas as perspectivas e
procuras", admitindo mesmo que " é o ponto
máximo do sentido que o Homem procura".
"A Sociologia precisa de um
debate público"
Donizete Rodrigues, responsável
pela organização deste ciclo de conferências
sobre religião e modernidade, enalteceu as perspectivas
filosóficas e literárias que o sociólogo
introduziu na análise da questão da religião
na sociedade contemporânea, conjugando também
a teoria com dados empíricos. O professor da UBI
considera que estes ajudam a reconstruir o discurso teórico,
havendo "uma associação muito rica
entre o teórico e o empírico", referiu.
Questionado sobre a relevância deste tipo de iniciativas,
o conferencista considera serem de extrema importância,
pois " a sociologia também precisa de debate
público, que deve ser feito no espaço que
lhe é próprio", ou seja, nas universidades.
Adianta também que essa discussão deve ser
partilhada por pessoas de "vários pontos do
país e mesmo do mundo", permitindo assim uma
troca de ideias e opiniões ricas com o intuito
de "estender o campo da ciência ao campo da
própria sociedade, isto é, fazendo com que
ela extravase para outros campos". António
Teixeira Fernandes garante que este debate público
é "muito pertinente", quer para os profissionais
deste domínio científico, quer para as restantes
pessoas, ligadas ou não a outros "mundos científicos",
na medida em que estão em causa, neste caso concreto,
"questões relacionadas com o Homem e com a
sua existência social", concretiza.
A próxima conferência, realiza-se hoje, terça
feira, às 15 horas, e conta com a presença
de Moisés Espírito-Santo, professor catedrático
e director do Instituto de Sociologia e Etnologia das
Religiões da Universidade Nova de Lisboa.
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