Por Liliana Correia
"Exprimir a realidade viva
e humana de uma época" é o que se pretende
com "Areias Secas" de Avelino Cunhal.
Defensor que o povo tem que ter acesso à arte,
os trabalhos do autor retratam uma forte intervenção
social e a luta contra o regime de pobreza e miséria
em que Portugal estava mergulhado pela ditadura.
"Areias secas" é uma colectânea
de contos do povo e para o povo, constituído por
várias histórias,
ilustradas pelo próprio autor.
Com uma linguagem simples, "Areias Secas" reflecte
de forma suave mas "crua" o Portugal dos pobres
e oprimidos, daqueles que assistem à injustiça
e que não têm meios para fazer valer os seus
direitos.
Um povo trabalhador e honesto, que habituado a trabalhar
desde o amanhecer até ao cair da noite para
poder sobreviver, assiste à entrada da miséria
pelas portas dentro e à injustiça daqueles
que mais
tinham. Era assim o Portugal antes do 25 Abril, onde os
ricos eram cada vez mais ricos e os pobres
cada vez mais pobres.
Avelino Cunhal nasceu em Seia em 1887. Depois de se ter
formado em Direito pela Universidade de
Coimbra, regressou à sua terra natal onde permaneceu
até 1924, altura em que veio para Lisboa onde
exerceu advocacia. Morreu em Lisboa em 1966.
Na sua biografia, destaca-se a defesa de vários
presos políticos, (entre os quais o seu filho Alvaro
Cunhal), acusados pela ditadura de crimes contra a nação.
A escrita e a arte esteve sempre presente na vida de Avelino
Cunhal.
Além de ter escrito alguns romances, como "Senalonga"
e "Romance do Charco", o autor foi
colaborador em várias revistas como a Vértice,
Seara Nova e o Diabo, e escreveu várias peças
de
teatro, sob o pseudónimo de Pedro Serôdio
devido às suas claras intenções de
intervenção social.
Destas peças, destacam-se "Naquele Banco"
, "Ajuste de Contas" e "Dois compartimentos".
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