Sub-região de Saúde
da Guarda é a primeira a ser abrangida
Formação
e novos equipamentos para acabar com falsas urgências
Evitar o congestionamento
das urgências e melhorar o atendimento aos doentes
em cada um dos Centros de Saúde do distrito da
Guarda. É o objectivo do "Projecto de Formação
na Área de Urgência e Emergência",
que arranca na cidade mais alta no próximo dia
3. É um projecto pioneiro a nível nacional,
pela mão da Administração Regional
de Saúde do Centro, com cobertura financeira de
fundos comunitários.
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Por Victor Amaral
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"Cerca de 50 por cento das situações
de urgência não se justifica que cheguem ao
hospital da Guarda". É a partir deste facto
que José Cabeças fala num projecto pioneiro
para a Região Centro que engloba formação
médica e aquisição de novo equipamento
para os 91 centros de saúde, também considerados
Serviços de Atendimento Permanente (SAP), 14 deles
no distrito da Guarda.
O presidente da Administração Regional de
Saúde (ARS) do Centro esteve na passada quarta feira
na Guarda, a primeira sub-região a receber o projecto,
onde explicou os objectivos de um programa com custos totais
de 600 mil contos, já com apoios garantidos da Comunidade
Europeia em 100 por cento, na formação, e
75 por cento na aquisição de material.
A primeira fase passa pela realização de cursos
de formação destinados a médicos e
enfermeiros, que, na Guarda, começa dia 3 de Junho,
seguindo-se a respectiva instalação de novos
equipamentos, a fim de ser melhorada a resposta às
necessidades de doentes, concelho a concelho. Esta é,
para José Cabeças, a grande oportunidade para
que exista "maior autonomia dos SAP's" e se evitem
inúmeras transferências de doentes que afunilam
o serviço de urgência do hospital distrital.
Numa segunda fase do projecto, para já apenas teórica
e nunca num horizonte inferior a cinco anos, é ligar
todos os SAP's com os hospitais distritais e, nalguns casos,
centrais, através do sistema informático de
telemedicina.
"Saúde XXI" pode ser adoptado noutros
locais
Deverão ser abrangidos, com esta formação,
124 médicos, 116 enfermeiros num total de 15 cursos,
para além de acções de formação
de reciclagem. O responsável da ARS Centro reforça
a importância da iniciativa, única a nível
nacional mas passível de vir a ser adoptada por outras
administrações regionais, no âmbito
do programa governamental "Saúde XXI",
por representar "um trabalho a partir da base, das
urgências básicas em cada um dos centros de
Saúde".
Negando qualquer oportunismo político, numa altura
em que deverão ser nomeados outros responsáveis
nas ARS's, José Cabeças explica que o projecto
foi apresentado há cerca de um ano, em Coimbra, estando
já a decorrer cursos noutros distritos, embora com
menos dimensão do pacote que vai avançar na
Guarda. Reforça esta justificação António
Matos, enfermeiro destacado naquela estrutura de saúde
para tratar, especificamente, deste processo, com a designação
de "Projecto de Formação na Área
de Urgência e Emergência".
A reformulação à vista, ao nível
das urgências básicas, deixa satisfeito Fernando
Girão. O coordenador da sub-região de saúde
da Guarda destaca que este projecto vai permitir aos SAP's
concelhios ficar com condições pessoais e
técnicas para melhor responderem a casos de doença
grave ou aguda. "É uma mais valia para minimizar
a sobrecarga de doentes no hospital distrital", diz
Girão para quem os cursos, que durarão aproximadamente
um ano, vão permitir na melhoria das respostas médicas,
uma vez que a maior dos médicos dos 14 Centros de
Saúde tem entre 20 a 25 anos de serviço.
Todos parecem confiantes de que, face à pertinência
do projecto, os novos governantes não ponham em causa
a sua efectivação. Até porque, como
justifica José Cabeças, é um compromisso
da própria Comunidade Europeia em termos financeiros,
aguardando-se apenas a homologação, por parte
do ministério, da componente de apetrechamento técnico
dos centros de Saúde.
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