Por Sérgio Felizardo
Há
uma nova vaga de cantores/escritores/compositores
a dar cartas num universo
musical cada vez mais dominado pela sofisticação.
A esta, de guitarra em riste e
caneta afiada, contrapõem a simplicidade
das canções, das palavras e dos
sentimentos exacerbados.
De uns diz-se que são herdeiros da tradição
folk americana, de Bob Dylan e afins, a
outros aplica-se uma definição mais
noir, com o horizonte na melancolia e desespero
de Leonard Cohen, por exemplo. A Rufus Wainwright
pode colar-se tudo isto e muito
mais. Seria, no entanto, uma análise redutora
e simplista, quando em "Poses"
(segundo álbum do norte-americano) Rufus
nos atira para um mundo de perfeições
em formato pop. Músicas que tanto bebem
na folk, como na ópera, na country mais
alternativa ou nas melodias "à Beach
Boys", para se mostrarem verdadeiramente
arrebatadoras e viciantes. Rufus canta como se
vivesse num limite entre a sanidade e
o desejo de se atirar de cabeça na roda
viva do "show bizz". Uma espécie
de artista
de casino do século XXI, com trajes de
príncipe rebelde, que, como ele próprio
confessa, escreve canções para,
depois, "se afogar nelas".