A pose do bom príncipe rebelde


Rufus Wainwright | Poses |
Dreamworks | 2001


Por Sérgio Felizardo


Há uma nova vaga de cantores/escritores/compositores a dar cartas num universo

musical cada vez mais dominado pela sofisticação. A esta, de guitarra em riste e

caneta afiada, contrapõem a simplicidade das canções, das palavras e dos

sentimentos exacerbados.

De uns diz-se que são herdeiros da tradição folk americana, de Bob Dylan e afins, a

outros aplica-se uma definição mais noir, com o horizonte na melancolia e desespero

de Leonard Cohen, por exemplo. A Rufus Wainwright pode colar-se tudo isto e muito

mais. Seria, no entanto, uma análise redutora e simplista, quando em "Poses"

(segundo álbum do norte-americano) Rufus nos atira para um mundo de perfeições

em formato pop. Músicas que tanto bebem na folk, como na ópera, na country mais

alternativa ou nas melodias "à Beach Boys", para se mostrarem verdadeiramente

arrebatadoras e viciantes. Rufus canta como se vivesse num limite entre a sanidade e

o desejo de se atirar de cabeça na roda viva do "show bizz". Uma espécie de artista

de casino do século XXI, com trajes de príncipe rebelde, que, como ele próprio

confessa, escreve canções para, depois, "se afogar nelas".