a VALSA do ADEUS
Milan Kundera



Por Cristina Lopes


"Se queremos compreender o mundo temos de abarcá-lo em toda a sua complexidade, na sua essencial
ambiguidade" Milan Kundera.

Klima, um célebre trompetista, recebe uma chamada anunciando que a jovem enfermeira com quem

tinha passado uma noite, está grávida. Ela decidiu que ele era o pai.

E assim começa a comédia, que durante cinco dias/cinco capítulos, se vai revelando em velocidade

crescente. Algures na Europa Central, numa estância termal, sete personagens envolvem-se ao ritmo

de uma valsa orquestrada por Milan Kundera: uma bonita enfermeira, um ginecologista fanático, um

americano rico (ao mesmo tempo santo e Don Juan), um trompetista famoso e a sua bela e ciumenta

mulher, um ex-prisioneiro político e a sua jovem protegida.

O mais curioso deste livro é que através de uma narrativa humorística, onde as personagens são

moldadas por um quase absurdo realismo (e por outro lado por um simbolismo q.b), acaba por nos dar

um fiel retracto da génese humana.

A Valsa do Adeus coloca as questões mais sérias com uma ágil leveza, direi mesmo de um humor negro

notável, que nos leva ao mais profundo da alma humana: à sua fragilidade.