José Geraldes
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Internet e mundo novo
Todas as invenções
podem ter aspectos positivos e negativos. O seu valor
para a Humanidade depende do seu uso. E aqui é
que está o problema.
Todos os anos a Igreja Católica
dedica um dia, a nível mundial, à reflexão
sobre a problemática da Comunicação
Social. E, para assinalar a sua importância, o Papa
escreve uma mensagem em que analisa um determinado tema
com o objectivo de questionar os cristãos e homens
de boa vontade no uso dos media.
Este ano a mensagem é sobre a Internet. Mas, importa
já sublinhar o facto, depois da publicação
da mensagem que normalmente ocorre a 24 de Janeiro, o
Vaticano difundiu dois documentos de alto valor doutrinal
sobre a Internet. Um intitulado Igreja e Internet versa
as oportunidades e desafios que a Internet coloca aos
homens de hoje terminando com uma série de recomendações
para a sua utilização. O outro, que tem
por título Ética na Internet, tece judiciosas
considerações sobre determinadas áreas
de preocupação no uso desta nova tecnologia.
A mensagem de João Paulo II serve de ponto de partida
para estes dois documentos cuja leitura e estudo é
imprescindível não só para quem detém
responsabilidades neste campo, mas também para
os educadores, líderes políticos, decisores,
homens de negócios e, de forma geral, todos os
utilizadores da Internet.
O Papa considera a Internet como um novo fórum,
fazendo alusão ao lugar público da antiga
Roma onde se discutiam todos ao assuntos referentes à
vida da cidade. E afirma, sem ambiguidades, que a Igreja
encara esta nova tecnologia "com realismo e confiança."
Ou seja, não a considera com reservas reconhecendo-lhe
antes um capital imenso de possibilidades para o bem.
Mas o Papa sublinha que, se a Internet nos oferece um
fluxo "quase infinito" de informações,
dando-nos muitos conhecimentos, "não ensina
valores" e "favorece uma forma relativista de
pensar e, às vezes, alimenta a fuga da responsabilidade
e do compromisso pessoais."
Será que esta observação de João
Paulo II põe em causa as vantagens da Internet
na vida quotidiana ? De maneira nenhuma. Nas palavras
textuais do Papa, "para a Igreja, o novo mundo do
espaço cibernético é uma exortação
à grande aventura do uso do seu potencial para
proclamar a mensagem evangélica." Igualmente,
esta nova tecnologia pode servir a paz, o diálogo,
a solidariedade e a reconciliação entre
os povos.
Todas as invenções podem ter aspectos positivos
e negativos. O seu valor para a Humanidade depende do
seu uso. E aqui é que está o problema.
Costuma dizer-se que a televisão mudou o mundo.
A Internet, com a chegada dos computadores cada vez mais
miniaturizados, modificou completamente para melhor a
vida dos cidadãos. Desde o simples envio do correio
electrónico aos jornais on-line, passando pelas
facilidades de pesquisa em tempo até ao pagamento
dos impostos, tudo pode hoje ser feito via Internet. E
do lugar mais remoto do planeta. E, sem sair do mais minúsculo
escritório, ou de uma praia ou de deserto.
Com a Internet, estamos ligados a todo o mundo no momento
real e, numa fracção de segundos, contactamos
com quem desejamos ou obtemos a informação
necessária.
Bem pode dizer-se que a Internet é o "admirável
mundo novo", para usar o título do conhecido
livro de Aldous Huxley.
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