Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


Luís Garra

A "Braz & Neto", na Covilhã, pode ser mais uma a juntar-se ao rol das empresas que fecharam portas nos últimos oito meses, na Beira Interior. De acordo com alguns trabalhadores, que contactaram o NC, a administração da "Braz & Neto" já não paga os salários desde Março e os operários foram "mandados" de férias no início deste mês, sem receberem os subsídios de Natal e férias. Uma trabalhadora, que não se quis identificar, alerta ainda para o facto de existirem alguns funcionários da empresa a quererem rescindir o seu contrato de trabalho, mas que os responsáveis se recusam a assinar as cartas de despedimento.
Luís Garra, presidente da União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB) confirma estes dados. "A informação de que disponho é que há alguns trabalhadores que estão a proceder à rescisão dos contratos com base nos salários em atraso", afirma Garra. Em declarações ao NC, o dirigente sindical adianta também que recebeu a informação de que na quarta-feira, 8, "estava uma carrinha a retirar máquinas da empresa". Para rescindir os contratos, os trabalhadores da empresa têm que esperar 10 dias de aviso prévio e só passado este período é que a empresa assina ou não as cartas de despedimento. A "Braz & Neto" tem mais de 20 trabalhadores e se se confirmar o seu encerramento a crise no sector têxtil vai agudizar-se ainda mais. "Havia uma nítida intenção de encerrar a fábrica", considera Luís Garra. O NC tentou contactar a administração da empresa, mas até ao fecho da edição não foi possível obter qualquer declaração dos seus responsáveis.
Já em relação à empresa fundanense Eres, o presidente da USCB diz que a situação se mantém. As operárias encontram-se na empresa e cumprem o seu horário, ainda que não exista trabalho para fazer. Recorde-se que, tal como o NC tem vindo a noticiar, o processo de falência da Eres ainda não foi decretado. Garra garante que a "pressão" para que sejam tomadas medidas que resolvam esta crise vai continuar e espera uma resposta do ministro da Economia, Valente de Oliveira, ao pedido de reunião feita através de carta enviada no dia 30 de Abril. Recorde-se que nos últimos meses o distrito tem sido assolado com o encerramento de várias empresas que levaram ao desemprego mil e 500 pessoas, número que pode aumentar com as mais de 20 trabalhadoras da "Braz & Neto".