Por Alexandre Silva
O
que é necessário para fazer, afinal,
uma boa música ou um bom álbum?
O
dinamarquês Raz Ohara, aliás, Patrick
Rasmussen, responde com "The last legend":
uma melodia simples e fácil de decifrar
por qualquer aficcionado da guitarra, um bom
poema, em que a escolha das palavras não
obedece aos critérios de etiqueta próprio
das canções ditas românticas,
e um sentimento vindo lá do fundo. As referências
soul
e funky são por demais evidentes, de tal
modo que, a alturas, parece-nos estar a
ouvir uma jam session de Marvin Gaye ou uma qualquer
faixa dos primeiros trabalhos
de Prince. Ainda assim, Raz Ohara, deixa bem vincada
a sua marca. Mais pela
insolência das trovas do que, propriamente
pela composição, é certo,
mas que não
deixa de ser um sulco suficientemente profundo
para lhe conferir a originalidade
necessária para se afastar das raízes
e reclamar o resultado final como inteiramente
seu.
Depois de um álbum de estreia ("Real
Time Voyeur" - 1999) com uma forte
componente electrónica, o dinamarquês
privilegia agora a sonoridade acústica
de uma
guitarra, acompanhada, em algumas faixas, por
percussões latinas, relegando os
sintetizadores para segundo plano.