Por Marco António Antunes



Razão e emoção são inseparáveis para Mariluz Barata

"A razão regula e controla as emoções. A emoção guia o pensamento e orienta a tomada de decisões", defende Mariluz Gomes Barata, autora da tese A Relação Pedagógica e o Desenvolvimento da Inteligência Emocional na Adolescência, apresentada na UBI, no sábado, dia 4 de Maio.
O objectivo da tese é "reflectir sobre a educação emocional dos adolescentes no contexto da relação pedagógica", refere Mariluz Barata, que viu o seu trabalho aprovado por unanimidade, com a classificação de Muito Bom.
Professora de Filosofia no ensino secundário, Mariluz Barata situa o conceito de inteligência emocional na relação pedagógica entre professor e aluno. A inteligência emocional, é a "capacidade de reconhecer os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerirmos bem as emoções em nós e nas nossas relações". Na relação pedagógica, há uma interacção entre emoção e razão.
"A auto-consciência, a auto-regulação, a motivação, a empatia e as aptidões sociais são competências emocionais comuns a professores e alunos", explica Mariluz Barata. Na relação pedagógica, o professor é um "agente de desenvolvimento pessoal e social, que interage com o aluno sem qualquer imposição". A nova atitude do professor motiva uma resposta activa do aluno: "O professor espera que o aluno seja interventivo, criativo e portador de uma boa bagagem cultural".
A tese de Mariluz Barata tem por base um inquérito a alunos do ensino secundário. O estudo empírico formula três níveis de consciência emocional: a consciência emocional baixa, a consciência emocional média e a consciência emocional elevada (ver caixa). "Ter consciência das emoções é essencial para a interacção entre professor e aluno", defende a docente.
Presidiu ao júri Manuel Santos Silva, professor catedrático e Reitor da UBI. Foi arguente Manuel Ferreira Patrício, professor catedrático e Reitor da Universidade de Évora. Nicolau Raposo, professor catedrático na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra orientou a tese.

 



Níveis de Consciência Emocional



Consciência emocional baixa
Entorpecimento Emocional - A pessoa não tem consciência dos seus sentimentos ou emoções.

Sensações Físicas - Algumas sensações físicas como dores de cabeça ou dores de estômago... constituem, muitas vezes, reflexos dos problemas emocionais.

Consciência emocional média
Experiência Primeira - Está consciente das emoções, embora seja incapaz de as compreender, de as controlar ou de as expressar verbalmente.

Diferenciação - Reconhecimento de diferentes emoções e da sua intensidade, e o desenvolvimento da capacidade de exprimir às outras pessoas essas emoções.

Consciência emocional elevada
Empatia - Ter consciência da intensidade dos sentimentos das outras pessoas e compreender as razões por que ocorrem.

Interactividade - Conhecer o modo como as outras pessoas irão reagir às emoções umas das outras, trata-se de saber como as diferentes emoções irão interagir.

Fonte: Barata, Mariluz, 2002, A Relação Pedagógica e o Desenvolvimento da Inteligência Emocional na Adolescência, Covilhã, UBI.