Por Marco António Antunes



O reconhecimento do psicólogo pelas sociedades científicas é essencial para Henrique Pereira.

Uma exposição de trabalhos dos alunos e um workshop preencheram as comemorações do Dia da Psicologia que o departamento de Psicologia e Educação da UBI organizou na passada quinta feira, dia 2 de Maio.
Durante o workshop reacendeu-se a polémica sobre o exercício profissional, com alunos e professores a debaterem o exercício da profissão e as diferentes áreas da Psicologia. "Um licenciado em Psicologia não pode qualificar-se a si próprio como psicanalista ou psicoterapeuta breve sem o reconhecimento da sociedade científica correspondente", defende Henrique Pereira, docente do curso de Psicologia da UBI.
Luís Maia, docente no mesmo curso, tem uma opinião contrária: "a psicoterapia pode exercer-se sem a regulação das sociedades científicas", refere este docente que acusa ainda as sociedades científicas de "servirem os lóbies" e cobrarem "muito dinheiro pelas pós-graduações". Apesar de tudo, Luís Maia valoriza a pós-graduação como uma estratégia de formação pessoal.
"Em Portugal não existe nenhuma ordem para me declarar psicoterapeuta. Só existem licenciaturas em Psicologia. A lei nada esclarece em relação ao exercício das especializações", garante Adelino Gomes, professor na Universidade de Coimbra. Este docente defende que, em termos legais, os psicólogos portugueses não dependem do reconhecimento por parte de qualquer sociedade científica.
Na sua intervenção, Manuel Loureiro, professor da UBI, lançou um apelo aos alunos de Psicologia. "Para a dignificação da função do psicólogo é necessária uma sólida formação científica, uma evolução como pessoas e observar uma transformação da prática profissional", defende o docente.
Durante o workshop foram apresentadas três áreas da Psicologia: a Psicologia Clínica, a Psicologia da Educação e a Psicologia do Trabalho e das Organizações (ver caixa). A exposição de trabalhos permitiu aos alunos o contacto com a investigação.
João Freire, presidente da comissão instaladora do Núcleo de Psicologia, declara que "o curso é bastante prático já que os alunos fazem trabalhos de campo."

 




"A UBI forma psicólogos que prestam serviços socialmente relevantes à sociedade", sublinha Adelino Gomes.



Três faces da Psicologia



"Mais do que resolver conflitos laborais, o psicólogo do trabalho procura gerir os conflitos", sublinha Paulo Lourenço. Adelino Gomes, defende que "os conflitos são positivos para o desenvolvimento da crítica e da criatividade". Os psicólogos do trabalho intervêm, por exemplo, na área de gestão de recursos humanos, na comunicação da organização e na avaliação da relação homem-máquina.
O psicólogo clínico avalia, previne e melhora os cuidados de saúde mental, sem recurso a medicamentos. "A psicologia clínica não se resume à psicoterapia e à saúde mental", garante Henrique Pereira. Centra-se também na investigação nomeadamente no ramo da neuropsicologia.
"O psicólogo da educação interage com a família, os professores e o aluno para a resolução de problemas de desempenho escolar", explica Graça Esgalhado. As áreas de actuação são, entre outras, as escolas dos diferentes graus de ensino e a política educativa.