Mário Fernandes demora sete horas a fazer um par de sapatos
Mais de 13 mil pessoas visitaram Feira de Artesanato
Critérios de atribuição de prémios criticados


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


Mário Fernandes começou a fazer sapatos aos seis de idade e com treze já conseguia fazer um par inteiro. "Em vez de ir para a escola, ía ajudar o meu pai na profissão", conta o vimanarense. O sr. Mário é um sapateiro à moda antiga e o que faz, faz com gosto. Percorre o País de norte a sul e já foi convidado para ir ao estrangeiro, "mas a idade já não ajuda". Trabalha no Inverno para vender no Verão e dos 12 filhos, nove seguem as suas passadas. Tem 64 anos, é natural de Guimarães e dedica-se à arte de fazer sapatos à mão há mais de meio século. Veio mostrar o seu talento à Covilhã na VIII Feira Nacional de Artesanato, que decorreu entre os dia 24 e 28 de Abril. "Foi a primeira vez que vim aqui e fiquei a gostar muito. As pessoas admiram o meu trabalho", declara satisfeito com os oito pares de sapatos que fez durante os cinco dias que durou o certame e com as 17 encomendas que leva para fazer em casa. Muito mais havia a contar desta simpática personagem que demora sete horas a fazer um par de sapatos, "exclusivos, de luxo e de qualidade", como faz questão de salientar. Manuel Ferreira, de Castelo Branco, não faz sapatos, mas a sua arte não é menor. Trabalha o vime com um à vontade impressionante, uma "relação" que dura há 40 anos.
Das 200 inscrições que a Câmara covilhanense recebeu, Manuel Ferreira foi um dos 50 expositores seleccionados. "Tivemos a preocupação em escolher artesãos de todo o País de modo a dar diversidade à Feira", explica o vereador com o pelouro das Feiras, Joaquim Matias. Durante cinco dias, a Praça do Município recebeu a visita de 13 mil pessoas."Pelo número de pessoas que vieram à Feira e satisfação dos artesãos, o certame foi um sucesso", declara Joaquim Matias.
No entanto, os artesãos teceram algumas critícas à entidade organizadora, no que diz respeito aos critérios de atribuição dos prémios. É o caso de Franclim Caetano, agraciado com o segundo prémio da Feira. "Esta foi a pior feira que fiz até hoje. Fiquei prejudicado com o prémio, pois a peça que foi escolhida valia 500 euros e o valor que ganhei foi abaixo disso", esclarece o professor de Educação Visual e Tecnológica, de Gouveia, que trabalha em barro figuras alusivas à serra. Já Manuel Ferreira defende que a peça levada a concurso deve ser feita durante os dias em que decorre a Feira, uma vez que "há gente que traz peças compradas à vizinha", algo que o júri deve ter em atenção. No próximo ano a nona edição da Feira realiza-se na Praça do Município, um local que ao qual a autarquia quer dar vida. Já na segunda quinzena deste mês, o local vai acolher a Feira das Trocas.