Como atingir o "sistema" por dentro

England, half english

Billy Bragg & The Blokes | Elektra-Asylum | 2002


Por Alexandre Silva



Lançado em Março último, o último trabalho do inglês Billy Bragg, corre o risco de se

tornar num dos melhores álbuns da sua carreira. No mínimo é, sem sombra de

dúvidas, o mais maleável e versátil dos 11 editados até ao momento.

Acompanhado, agora, pelos The Blokes, a música de Bragg ganha uma amplitude que

não possuía com os seus anteriores parceiros, os Wilco. Desde a paisagem reggae de

"Jane Allen", até à batida ácida de "NWPA" (No Power Without Accountability),

passando pelo cinismo pop de "Somedays I see the point", ou o calor californiano de

"Baby Faroukh", o músico canta paixões antigas e as angústias do trabalhador de

"colarinho azul". Isto sem, contudo, perder o sentido do ponto de partida: as

referências folk e rock britânicas e americanas.

Mais melódico e sintético que os seus antecessores, "England, half english" não lhes

fica atrás, todavia, na forma cáustica com que continua a abordar a política do mundo

em geral, e do seu país em particular. Ou não fosse ele um elemento, "incómodo", do

parlamento britânico.