Tiago Oliveira Rodrigues

Como cidadão (estudante) devo acrescentar...

1º- Num tempo em que se fala insistentemente em educação para a cidadania, atrevo-me a deixar levar-me pela onda e a reclamar uma participação, directa ou não, na construção da sociedade actual.

2º- Sou preconizador da tal teoria que defende os locais próprios para tratos próprios, mas quando, numa manhã qualquer, acordo e oiço numa rádio nacional "Estudantes da UBI vítimas de insucesso escolar - denuncia Presidente da AAUBI", então desculpem lá mas atrai-me toda a legitimidade de contra-argumentar do mesmo modo. Em todo o caso, não procurando protagonismos ou propagandas fáceis, fico-me pelo URBI que é, para o caso, o local adequado para apreciações referentes à Academia.

3º- Não é minha intenção tomar qualquer tipo de partidarismo, seja ele político ou corporativista. Acredito que a isenção ainda é o melhor terreno para o cultivo das ideias (embora a verdadeira não exista).

Discute-se o insucesso. OK. Ele existe e não é pouco. Mas cuidado! Muito cuidado com a definição de insucesso. Porque as estatísticas até nem são necessárias para reconhecer que o insucesso se verifica cada vez mais. Porque o que impressiona não são as pautas, mas sim ouvir a satisfação de um aluno apregoando ter estudado apenas dois dias para uma disciplina e ter obtido uma classificação positiva. Isto não será insucesso? Afinal, quanto se aprende aqui? E é suficiente para se obter um diploma? Não andaremos a iludir a sociedade? Sobretudo os empregadores? E as excepções não são para aqui chamadas, até porque só confirmam a regra.
Manifestações!!! Na passada sexta-feira pude ver no telejornal que alguns operários da construção civil envergavam umas t-shirts com a frase "Mais e melhor segurança na construção". Acorreu-me imediatamente à memória aquelas brilhantes "Todos os anos chumbo às mesmas cadeiras" ou "80 por cento das cadeiras do Departamento de Matemática são críticas". Repare-se na distância que existe entre as duas posições. E depois pensamos que uns são estudantes do Ensino Superior e outros operários civis - trolhas, pedreiros, etc. OK, tudo bem, amigos na mesma.

Já todos sabemos que as causas para o insucesso são inúmeras mas há algumas que nos são directamente respeitantes. Copiando uma definição algures enunciada podemos dizer que existe um tipo de responsabilidade primária e existem as outras. A primeira é nossa. Dos Estudantes que têm a obrigação de estudar e dos Professores que têm o dever de fazer com que os anteriores aprendam. Aqui reside o fundamento da questão: há que afirmar que se andamos à procura de um patamar de entendimento então temos que admitir que nós estudantes estamos mais longe dele. A propósito, há uns tempos atrás um Professor dizia-me: "Estudou pelo menos 40 horas para esta disciplina?... Então como quer passar!!". "Pois, o tempo dos milagres já lá vai", concluí mais tarde. Assumamos de uma vez por todas que nunca tivemos as condições físicas ( edifícios, biblioteca, laboratórios, sistemas de informação e novas tecnologias, estruturas de apoio desportivo, etc) de que agora dispomos, nunca antes tivemos um corpo docente tão extenso e qualificado como agora, nunca as estruturas estudantis foram tão organizadas e dinamizadas como agora, e muitos outros exemplos que poderiam ser aqui dados. No entanto, não se pense que estamos como queremos. Nem uma das condições acima mencionadas é já suficiente. Há que continuar a trabalhar para que nos aproximemos cada vez mais da tão desejada satisfação e consequente credibilização. Mas, acima de tudo, há que estudar muito. Como dizia um famoso compositor: "Um Masterpiece é o resultado de 5 por cento de inspiração e 95 de transpiração".

Tiago Oliveira Rodrigues
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