Programa de Governo garante
novo projecto
Autarca concorda com
alteração de Museu do Côa
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Por Victor Amaral
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O presidente da Câmara de Foz Côa confirma ter
tido a indicação de que o projecto do Museu
do Côa vai ser alterado, sendo certo que não
será construído na cratera da barragem, como
apontava o anterior governo. Sótero Ribeiro concorda
com a prevista alteração de planos, no que
toca à mudança de localização
da infra-estrutura, porque diz nunca ter concordado com
a proposta da autoria do arquitecto Maia Pinto, director
do Parque Arqueológico. O social-democrata entende
que é tecnicamente possível construir o museu
com a mesma qualidade, por menos dinheiro, noutro local,
e lembra que o ante-projecto em cima da mesa havia levantado
controvérsia entre o Instituto Português de
Arqueologia (IPA) e o Instituto Português dos Museus
(IPM), que sempre defendeu uma solução com
características mais urbanas. Assim, alega o autarca,
podem ser resolvidos os problemas e avançar para
uma nova solução que seja consensual.
Sótero Ribeiro espera que o novo governo aplique,
no vale do Côa, os seis milhões de contos previstos
para o Museu, mesmo que este não venha a custar tanto,
nomeadamente noutras acções com vista a potenciar
a região. Para além da importância das
gravuras, o autarca de Foz Côa entende que há
todo um património que é necessário
divulgar porque o turismo científico-cultural pode
ser uma das principais indústrias da região
e pólo de desenvolvimento.
No que toca às acessibilidades, um dos factores de
constrangimentos, Sótero Ribeiro está esperançado
que o governo "tenha uma postura totalmente diferente,
em relação ao Côa e ao concelho de Foz
Côa, do que aquele que teve o governo anterior, que
ficou só pelas palavras porque pouco foi aqui investido".
O autarca refere que "não chega" o investimento
ao abrigo da Acção Integrada de Base Territorial
(AIBT) do Côa, em termos municipais. "É
necessário que a Administração Central
invista bastante, como foi dito na altura da criação
do Parque e de toda a polémica barragem/ gravuras",
diz o social-democrata concluindo: "Há que cumprir
o Côa". Sótero tem consciência das
dificuldades financeiras que o país atravessa, e
do necessário apertar do cinto, mas crê que
se trata de uma situação temporária
"até que o Governo ponha as contas em ordem".
O compasso de espera pode ser aproveitado, diz, para elaboração
de projectos de execução das obras. Uma vez
que, no que toca aos investimentos da administração
central no Côa, "ainda nem há sequer projectos
de execução".
Maia Pinto não quer tecer considerações
sobre o assunto, alegando que desconhece, oficialmente,
qualquer alteração ao projecto do Museu do
Côa. Mesmo quando confrontado com a evidência
anunciada no programa do novo Governo, o director do Parque
Arqueológico do Vale do Côa prefere o silêncio.
Mas Maia Pinto já havia dito, antes da mudança
de governo, que o projecto de cascata, de sua autoria, permitia
não só o enquadramento cultural mas "humanizar
e requalificar a paisagem brutalmente agredida" pelos
estaleiros descativados do empreendimento.
Calendário de execução
comprometido
Seja qual for a definição
final do projecto do Museu, o calendário de investimento
apresentado em Novembro passado pelos ministros da Cultura
e do Planeamento em Vila Nova de Foz Côa, fica irremediavelmente
comprometido. É que o projecto de execução,
na parte de arquitectura e conteúdos, deveria estar
concluído no primeiro trimestre do corrente.
Desenvolvido pela AFA, sociedade de engenharia, e pela
firma canadiana "Experience Internacional",
o projecto então divulgado em Foz Côa apresentava
um museu/centro de interpretação da arte
rupestre do Vale do Côa, um centro de recepção,
um auditório, restaurante panorâmico, um
embarcadouro e um funicular. Tudo concebido em cascata
na cratera aberta pelos trabalhos da EDP no início
dos anos 90, para aproveitamento das fundações
deixadas pela construção da barragem e tapar
a enorme abertura cravada na margem esquerda do rio. Para
além da originalidade, a solução,
da autoria de Maia Pinto, permitia ainda um melhor acesso
pedestre ao núcleo de gravuras da Canada do Inferno,
situado a poucas dezenas de metros do futuro museu. Numa
fase posterior previa-se o rebaixamento do rio, numa extensão
de mil e 500 metros, com vista à criação
de um circuito de visitas a dezenas de gravuras que ficaram
submersas pela barragem do Pocinho.
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