Por Victor Amaral


A Igreja Matriz, antes do incêndio que deflagrou na passada semana

"Vamos todos unir esforços para recuperar a Igreja como era". É esta a postura de Horácio Antunes, presidente de Junta de Velosa, aldeia do concelho de Celorico da Beira onde, na passada semana, um fogo destruiu parcialmente a Igreja Matriz. Segundo os Bombeiros de Celorico, que ocorreram ao local, um curto-circuito deverá ter estado na origem do incêndio, que destruiu o altar-mor e a cobertura da sacristia, em talha dourada, tendo sido salvos os paramentos, utensílios litúrgicos e parte das imagens. Um cenário em tudo idêntico ao que aconteceu em Famalicão da Serra, concelho da Guarda, a 1 de Novembro de 1994, com a destruição parcial da Igreja Matriz.
Enquanto a Polícia Judiciária investiga as causas do incêndio, a Comissão da Fábrica da Igreja pensa já na recuperação, um processo complexo e caro, alerta Vasco Sousa. O responsável pela comissão entende que todas as pessoas e instituições locais devem fazer deste momento negativo "uma força comum". Perante uma perda de "valor incalculável", sobretudo pelo simbolismo religioso e patrimonial para a aldeia, Vasco Sousa diz que só há que meter as mãos à obra e chegar, o mais possível, ao que era o templo, numa conjugação entre o que ficou e a futura intervenção. O responsável refere que a Comissão "não tem fundos" para enfrentar, sozinha, o desafio de abarcar com as despesas de tal obra, mas conta com o apoio não só de particulares, que poderão entregar donativos directamente àquela entidade, mas da Diocese, enquanto dona da obra, Câmara de Celorico e, em termos técnicos, do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAR).

Uma das mais antigas de Celourico

Vasco Sousa adianta que o primeiro passo a concretizar-se, e já alinhavado, é uma nova cobertura, de modo a preservar o resto do interior, ficando o mais minucioso para uma segunda fase. Ainda sem ideias concretas de qual vai ser o aspecto final da Igreja, muito menos de datas de concretização, o representante da Comissão Fabriqueira refere apenas que "vai ser encontrada uma solução que agrade a todos os intervenientes".
Vasco Sousa testemunha que "as pessoas ficaram bastante desgostosas pela fatalidade, como se perdessem algo delas".
A Igreja de Velosa, dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres, possuía três altares sendo considerada uma das mais antigas do concelho de Celorico, havendo notícias de que em 1243 era do Cabido. De estilo Barroco, possui no tecto a data de 1778 e a sacristia tinha um tecto "de caixotão", que ficou danificado com o incêndio.
Presume-se que o templo tenha sido reconstruído, ampliado ou remodelado pelo "Santo Prior", o padre Manuel Magalhães de Andrade, que paroquiou na freguesia entre 1760 e 1790 e que é tido como pessoa com "dotes de santo" e a quem o povo atribui alguns milagres.