"Vamos todos unir esforços para recuperar
a Igreja como era". É esta a postura de Horácio
Antunes, presidente de Junta de Velosa, aldeia do concelho
de Celorico da Beira onde, na passada semana, um fogo
destruiu parcialmente a Igreja Matriz. Segundo os Bombeiros
de Celorico, que ocorreram ao local, um curto-circuito
deverá ter estado na origem do incêndio,
que destruiu o altar-mor e a cobertura da sacristia, em
talha dourada, tendo sido salvos os paramentos, utensílios
litúrgicos e parte das imagens. Um cenário
em tudo idêntico ao que aconteceu em Famalicão
da Serra, concelho da Guarda, a 1 de Novembro de 1994,
com a destruição parcial da Igreja Matriz.
Enquanto a Polícia Judiciária investiga
as causas do incêndio, a Comissão da Fábrica
da Igreja pensa já na recuperação,
um processo complexo e caro, alerta Vasco Sousa. O responsável
pela comissão entende que todas as pessoas e instituições
locais devem fazer deste momento negativo "uma força
comum". Perante uma perda de "valor incalculável",
sobretudo pelo simbolismo religioso e patrimonial para
a aldeia, Vasco Sousa diz que só há que
meter as mãos à obra e chegar, o mais possível,
ao que era o templo, numa conjugação entre
o que ficou e a futura intervenção. O responsável
refere que a Comissão "não tem fundos"
para enfrentar, sozinha, o desafio de abarcar com as despesas
de tal obra, mas conta com o apoio não só
de particulares, que poderão entregar donativos
directamente àquela entidade, mas da Diocese, enquanto
dona da obra, Câmara de Celorico e, em termos técnicos,
do Instituto Português do Património Arquitectónico
e Arqueológico (IPPAR).
Uma das mais antigas de Celourico
Vasco Sousa adianta que o primeiro passo a concretizar-se,
e já alinhavado, é uma nova cobertura, de
modo a preservar o resto do interior, ficando o mais minucioso
para uma segunda fase. Ainda sem ideias concretas de qual
vai ser o aspecto final da Igreja, muito menos de datas
de concretização, o representante da Comissão
Fabriqueira refere apenas que "vai ser encontrada
uma solução que agrade a todos os intervenientes".
Vasco Sousa testemunha que "as pessoas ficaram bastante
desgostosas pela fatalidade, como se perdessem algo delas".
A Igreja de Velosa, dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres,
possuía três altares sendo considerada uma
das mais antigas do concelho de Celorico, havendo notícias
de que em 1243 era do Cabido. De estilo Barroco, possui
no tecto a data de 1778 e a sacristia tinha um tecto "de
caixotão", que ficou danificado com o incêndio.
Presume-se que o templo tenha sido reconstruído,
ampliado ou remodelado pelo "Santo Prior", o
padre Manuel Magalhães de Andrade, que paroquiou
na freguesia entre 1760 e 1790 e que é tido como
pessoa com "dotes de santo" e a quem o povo
atribui alguns milagres.
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