Pagamentos do PROCOM atrasados
Comerciantes à
espera de dinheiro prometido
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Por Victor Amaral
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Alguns comerciantes da Guarda "estão com problemas
nos bancos" por causa do atraso de subsídios
prometidos para pagar obras de requalificação
das suas lojas. É o que diz Manuel Pinheiro, um dos
que investiu cerca de 40 mil contos em obras de melhoramento
de duas casas de venda de roupa, tendo sido ressarcido em
19 mil contos. Não fala com "a corda na garganta"
mas conhece "casos de dependência financeira",
que prefere não identificar.
Está em causa o atraso no pagamento do Programa de
Requalificação Comercial das áreas
históricas (Procom) - transformado, com o III Quadro
Comunitário de Apoio, em Sistema de Incentivos ao
Urbanismo Comercial (Urbcom) - que envolveu algumas dezenas
de comerciantes da cidade, sendo a sua gestão da
responsabilidade do Instituto de Apoio a Pequenas e Médias
Empresas (IAPMEI).
Este empresário não tem dúvidas que,
graças ao programa, se ganhou "um novo dinamismo
comercial na cidade" mas garante que, se tiver necessidade
de fazer de novo obras, prefere pedir dinheiro à
banca. Justifica: "Estou farto". Foi o que fez
com a intervenção numa terceira loja. Tudo
por causa da burocracia no processo de candidatura, um atraso
de dois anos no cumprimento dos pagamentos, alegadamente
menos do que o protocolado. Manuel Pinheiro foi dos primeiros
a candidatar-se ao Procom e na hora de apresentar contas,
de obras realizadas há três anos, "argumentaram
com as facturas fora de prazo". O comerciante não
entende estes critérios, afirmando que não
passaram de "desculpas e artimanhas para reduzirem
os custos". A experiência, apesar de possibilitar
a renovação dos espaços de comércio,
leva Manuel Pinheiro a concluir que, entre o desafio e o
resultado final, "ficamos com o pé atrás".
"É lastimável
que o Estado não cumpra os prazos"
Jorge Godinho, presidente da
Associação Comercial da Guarda, entidade
que geriu os processos de candidatura, não tem
dúvidas de que se trata de um problema de "falta
de dinheiro", não específico ao caso
da Guarda. Dá conta que são feitos contactos
sistemáticos pela Comercial para se ultrapassar
o problema, dadas as queixas de associados, e deixa um
reparo afirmando que o IAPMEI "não está
preparado para dar resposta" aos desafios do programa
tendo tido, reforça, "dificuldade em entender
a sua filosofia".
O responsável reconhece que "há muito
dinheiro por receber de processos já fechados",
isto é, de obras concluídas e processos
burocráticos arrumados. A situação
está a afectar a vida dos comerciantes que se candidataram
aos fundos, admite Godinho, na medida em que "alguns
estão a pagar garantias bancárias".
O presidente da ACG mais não pode fazer do que
achar "lastimável que o Estado não
cumpra os prazos", fazendo votos para que a situação,
em candidaturas futuras, seja diferente com o actual Governo.
Esta situação, no dizer de Godinho, contrasta
com "o sucesso" alcançado com o volume
de candidaturas. A Comercial liderou quatro programas
Procom no distrito, em Almeida, Fornos de Algodres, Guarda
e Manteigas - em parceria com as respectivas Câmaras
- o que representa perto de um milhão e meio de
contos de investimento privado. Cerca de 800 mil contos
na cidade da Guarda, 300 mil em Fornos (já concluído),
150 mil em Manteigas e cerca de 100 mil contos em Almeida.
A ACG está a trabalhar em novas candidaturas a
quatro novos Urbcom's em Celorico da Beira, Mêda,
Pinhel e Sabugal.
Na componente pública do investimento, da responsabilidade
das autarquias, Jorge Godinho destaca que a "maior
preocupação" reside na capital de distrito.
Refere-se ao "atraso constante das obras" na
zona histórica, o que em seu entender condiciona
os investimentos privados, lembrando que havia sido apontado
- enquanto compromisso político assumido pelo ex-vereador
Joaquim Valente - o final de 2001 para a conclusão
das principais ruas, entre elas a Rua Direita e Rua do
Comércio.
"Se obras feitas não se pode cumprir o plano
de animação" que a Comercial tem em
projecto de candidatura, no valor de 100 mil contos.
Álvaro Guerreiro garante que as intervenções
públicas, como as ruas que já sofreram obras
no centro histórico, são proporcionais às
privadas, embora parte dessas estejam abrangidas pelo
programa de recuperação das áreas
urbanas degradadas (Praud). E justifica que as obras no
centro histórico não se fazem de um momento
para o outro, dando o exemplo de Braga onde há
quase duas dezenas de anos decorrem trabalhos de recuperação.
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