Um fresco, representando o martírio de S. Sebastião,
foi descoberto numa pequena capela na aldeia de Avelãs
de Ambom, concelho da Guarda. A remoção
do altar, faz agora dois anos, no âmbito de obras
de restauro da ermida, colocou à vista a pintura
da qual ainda pouco se sabe, quer em datas quer em termos
de importância artística. Na aldeia, a certeza
é de que remontará a altura da construção
original da capela, com centenas de anos. É o que
atesta o mais velho morador de Avelãs, Amândio
Sequeira, 94 anos, que não se lembra - e a memória
ainda o não atraiçoa - daquele fresco à
vista.
O objectivo da Comissão da Fábrica da Igreja
era tão só a limpeza, tratamento da talha
do altar e substituição do telhado, mas
a descoberta obriga à mudança de planos
e a outras atenções. É o que diz
Luís Figueiró, presidente de Junta e membro
daquela comissão responsável pela gestão
dos espaços de culto. Não havia ainda sido
dado conhecimento do achado ao Instituto Português
do Património Arquitectónico (IPPAR), o
que foi feito esta semana, depois de os responsáveis
locais entenderem ter chegado a altura de pedir a intervenção
daquele instituto para que se proceda a uma correcta avaliação
técnica.
Capela acolhe exposições
Seja qual for o futuro enquadramento, Luís Figueiró
não tem dúvidas de que se trata de "uma
mais valia para a aldeia". O responsável,
em nome dos cerca de 90 habitantes, espera que o resto
da intervenção possa devolver, o mais possível,
as características originais da capela, com destaque
para a preservação da pintura. Até
porque, desconfia o autarca, o altar removido terá
vindo de outra capela sendo apenas original a mesa de
pedra e as pinturas.
A capela era utilizada duas vezes por ano, por altura
da festa anual em honra a S. Sebastião, e no domingo
de ramos. Mas a ideia para a sua recuperação
vai para além do culto. O ano passado, já
com o fresco à vista, serviu de espaço para
uma exposição de pintura e fotografia. No
último sábado, voltou a abrir a porta para
receber a exposição dos "Panos de Santa
Bárbara" - de Maria Barraca, uma colecção
do Centro Cultural de Famalicão da Serra em itinerância
no âmbito do programa "Andarilho", pela
mão da Câmara da Guarda.
Luís Figueiró entende que o espaço,
depois de definitivamente recuperado, deve ter esta vocação
cultural, mantendo-se aberta ao culto e, inclusive, poder
servir de capela mortuária, que não existe.
O responsável destaca que a descoberta vem juntar-se
ao património artístico da Igreja Matriz,
a qual se encontra também com necessidade de obras
de restauro. O IPPAR fez aí, em 1995, um levantamento
das pinturas no tecto tendo concluído que tinham
valor plástico mais que suficiente para recuperação.
A Comissão da Fábrica da Igreja está
à espera, pelo terceiro ano consecutivo, que a
Comissão de Coordenação da Região
Centro (CCRC) possa apoiar as necessárias obras,
através do programa específico de Trabalhos
de Natureza Simples (TNS).
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