Na quarta feira, 17, as 400 trabalhadoras receberam o seu salário
Mais duas empresas em risco de encerrar
Trabalhadoras da Eres exigem salários

Centenas de trabalhadoras da Eres ocuparam, terça-feira, 16 o Banco Espiríto Santo (BES), na Covilhã, para exigir o pagamento dos salários, que acabaram por ser pagos no dia seguinte. No entanto, correm rumores que mais duas empresas podem fechar as portas.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


"Foi uma batalha longa e sofrida. A perspectiva era a de que os salários não fossem pagos". A declaração é de Luís Garra, do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa, na manhã de quarta-feira, 17, à entrada do Banco Espírito Santo (BES), na Covilhã, ocupado por 400 trabalhadoras da empresa fundanense Eres, no dia anterior, terça-feira, 16. O motivo da manifestação das operárias era um só: que lhes fosse pago os restantes 45 por cento do salário do mês de Março. "Felizmente este problema resolveu-se, mas as trabalhadoras já sabem que o mês de Abril não o vão receber", esclarece Luís Garra.
Se a situação na quarta-feira de manhã era de calma e alguma satisfação, o mesmo não se pode dizer do dia anterior. "Não arredamos pé enquanto não nos pagarem", "precisamos do resto do ordenado para poder viver", diziam as trabalhadoras. Os ânimos exaltavam-se com o passar das horas e as palavras de protesto subiam de tom. As 400 trabalhadoras concentraram-se no BES a partir das 9 horas e 30 da manhã, altura em que o levantamento do cheque do salário terá sido recusado a uma funcionária da Eres. A dependência bancária não autorizava a operação alegando o congelamento da conta da empresa. "A conta não pode estar congelada porque ainda não foi decretada oficialmente a falência da empresa", esclarece Conceição Oliveira, delegada sindical. A também trabalhadora da Eres vai mais longe: "Não estão a ser transparentes". Da parte do Banco Espírito Santo não houve qualquer esclarecimento. No entanto, alguns trabalhadores comentavam que a entidade bancária "detém interesses credores na Eres", daí não permitir o levantamento do dinheiro.
O dirigente sindical, Luís Garra, que acompanhou o protesto das trabalhadoras, estave reunido com os responsáveis do Banco e perto das 17 horas, informava as trabalhadoras de que o BES garantia o pagamento dos salários no dia seguinte. A desmobilização aconteceu, mas algumas das operárias não estavam convencidas disso. No entanto, o pagamento foi realmente feito na manhã de quarta-feira. Apesar da "batalha" ganha, a guerra ainda está muito longe de ter um desfecho favorável para as 480 trabalhadoras de uma das maiores empregadoras do Fundão. Mas não desarmam e asseguram que vão lutar, em tribunal, pelas indeminizações, subsídios de Natal, férias e alimentação e inclusive pelo ordenado do mês de Abril, uma vez que permanecem na Eres. Todavia, este processo só terá andamento depois de nomeado um liquidatário, algo que deve acontecer durante as próximas semanas, uma vez que os credores da empresa dispõem de 10 dias, a contar desde terça-feira, 16, para reclamarem os seus direitos. No entanto, outras duas empresas encontram-se em risco de fechar as portas: a "Brazinet", na Covilhã, e a "Libela", em Belmonte. A "Nova Penteação" também se encontra em dificuldades. No entanto e de acordo com Luís Garra, "ainda não há nada de certo", mas o dirigente sindical reitera o pedido de um Plano de Emergência para revitalizar o tecido industrial do Distrito. Recorde-se que, nos últimos oito meses, mais de mil e 500 postos de trabalho desapareceram, número que pode aumentar caso se confirme o encerramento de mais estas duas unidades fabris.