"Como procurar o primeiro emprego", "Internacionalização
das carreiras" e "Qual a reestruturação
curricular face à ligação Universidade/Mercado
de trabalho", foram os temas em debate no Fórum
de Emprego, organizado pela AAUBI, que decorreu nos dias
10 e 11 de Abril, com pouca afluência de público.
A primeira mesa de debate, cujo tema era "Como procurar
o primeiro emprego", foi moderada por Américo
Paulino, director do Centro de Emprego da Guarda. Marcaram
presença Marina Afonso, conselheira de orientação
profissional do Centro de Emprego da Guarda, Lurdes Monteiro,
técnica superior do Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP) da Guarda, João Morgado, membro
da direcção da Associação
Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e José
Matias, empresário.
Américo Paulino começou por tecer algumas
considerações sobre o panorama actual do
desemprego na zona de Castelo Branco, Covilhã e
Guarda. Apesar da percentagem de desempregados à
procura do primeiro emprego ter descido de 1999 para 2001
"há uma tendência de crescimento dos
desempregados com habilitações literárias
superiores", afirmou. "Estamos numa região
em que ainda se sentem características de interioridade
como o envelhecimento da população e algumas
limitações na oportunidade de criação
de emprego", prosseguiu. O director do Centro de
Emprego da Guarda disse ainda que "é cada
vez mais longo o percurso que um jovem tem que percorrer
para alcançar a inserção no mercado
de trabalho. O próprio conceito significa que será
apenas o primeiro de muitos".
Marina Afonso abordou questões como a elaboração
dos currículos por parte dos estudantes finalistas
e o comportamento que devem ter quando são confrontados
com uma entrevista de emprego. Comentou também
as características actuais do mercado de trabalho
e afastou a ideia do emprego ser para toda a vida. "O
mercado de trabalho exige adaptabilidade e flexibilidade.
Não temos que exercer sempre a mesma actividade",
concluiu.
Lurdes Monteiro falou sobre o programa de estágios
profissionais que tem como objectivo inserir os jovens
recém-licenciados na vida activa, complementando
uma qualificação pré-existente com
uma formação prática a decorrer em
contexto laboral.
"Ser empresário
é fazer um pouco de tudo", referiu José
Matias, engenheiro agrónomo
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Ajudar e esclarecer os jovens sobre a criação
da própria empresa são os objectivos principais
da ANJE. João Morgado adverte que "a grande
maioria das empresas nasce quando, no decorrer da sua
actividade profissional, a pessoa chega à conclusão
que está perante uma lacuna do mercado e uma oportunidade
que poderá ser aliciante explorar por conta própria.
Mas é preciso avançar com moderação
e com os pés bem assentes na terra", conclui.
O empresário José Matias contou a experiência
pessoal de quem teve muitas dificuldades para entrar no
mercado de trabalho quando saiu da universidade. "Em
1997, quando terminei o curso de Engenharia Agrícola,
comecei por enviar currículos e ir a várias
entrevistas, onde por vezes me chegaram a humilhar",
contou. Farto desta situação decidiu ir
trabalhar com os pais que tinham uma pequena empresa de
queijos na região de Seia. Graças aos conhecimentos
adquiridos na universidade, desde a sua entrada que a
empresa tem tido um crescimento acentuado. No entanto,
o mundo empresarial não é fácil.
"Ser empresário é fazer um pouco de
tudo, desde ordenhar ovelhas a levar o leite para a queijaria
ou a tratar dos papéis", afirmou o jovem empresário.
A livre circulação no espaço europeu
"A Internacionalização das carreiras",
foi o segundo tema em debate. Participaram Bertina Machado,
euroconselheira da Delegação Centro do IEFP,
Sofia Correia e Pedro Esteves, ambos do Gabinete de Relações
Internacionais da UBI. Foi moderador o vice-reitor da
UBI, José Carrilho Gonçalves.
Neste segundo debate, relembrou-se um direito fundamental
que assiste todos os cidadãos de países
membros da União Europeia, a livre circulação
no Espaço Económico Europeu (EEE). Foram
mencionados alguns programas que ajudam os cidadãos
a arranjar emprego na Europa, como a EURES, uma rede de
cooperação que mobiliza os serviços
públicos de emprego dos países do EEE, e
o programa Leonardo Davinci, de estágios em empresas
da União Europeia.
A Declaração de Bolonha, que tem como objectivo
principal a construção da Área Europeia
de Ensino Superior, também foi abordada. Segundo
o vice-reitor, "a Declaração de Bolonha
fala em compatibilidade, convergência, autonomia
e diversidade. Contudo, estas perspectivas não
estão claras nas sociedades, competindo aos governos
europeus a melhoria desta mobilidade social".
Participaram no último tema em debate, dedicado
à "reestruturação curricular
face à ligação universidade/mercado
de trabalho", Júlio Dinis, representante do
Centro de Formação Profissional para a Indústria
de Lanificios (CILAN), Rui Miguel, director do curso de
Design Têxtil e do Vestuário, Rogério
Palmeiro, do Gabinete de Estágios da UBI e Eduardo
Ribeiro, representante dos estudantes da UBI. José
Miguel Oliveira, Presidente da AAUBI foi o moderador deste
debate.
Segundo Júlio Dinis "são de evitar
cursos que não tenham saídas profissionais.
O que deve haver são cursos de banda larga, que
permitam às pessoas apontar uma direcção
ou outra como saída profissional", referiu.
Já Rui Miguel defende a ideia de que "o ensino
deve estar sempre adequado à evolução
para que ele próprio seja a alavanca dessa mesma
evolução. É necessário adequar
os cursos à procura dos empregadores e dos alunos".
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