Direcção-Geral do Tesouro alerta que não há dinheiro
PolisGuarda "estará pronto em 2004"


Por Victor Amaral


O projecto de um novo parque de estacionamento, na avenida dos Bombeiros, no Torreão, vai ser apresentado esta quarta-feira, 17, na reunião do Executivo da Câmara da Guarda. A proposta arquitectónica, sujeita à votação da vereação, aponta para uma solução do lado esquerdo de quem desce a avenida, ficando a zona da muralha valorizada com arranjos urbanísticos e iluminação especial. Este projecto de parqueamento, destinado a umas dezenas de autocarros, obriga a que se eleve uma forte barreira do lado de baixo, na avenida Monsenhor Mendes do Carmo, que irá suportar o alargamento necessário. Os pormenores do projecto, da autoria dos arquitectos Camilo Cortesão e Joaquim Carreira, só serão conhecidos quarta-feira. A ser aprovado, segue-se uma candidatura à Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela, com vista ao financiamento.
Trata-se de uma obra complementar ao Polis, da responsabilidade da autarquia, tendo esta solução ligação a outras intervenções naquela área, já por conta directa daquele programa de requalificação urbana na cidade. É o que explica António Saraiva ao adiantar, sem arriscar datas concretas, que o parque de estacionamento será conjugado com uma grande zona de arborização e com a requalificação ambiental no pinhal, ao lado do quartel de bombeiros, já que se trata de uma área "não propícia à construção". Segundo o director executivo do Polis, o objectivo é fixar uma forte componente pedonal em toda aquela área, a que se deverá juntar, mais tarde, a transformação do quartel num interface de transportes urbanos e miradouro com restaurante. E o monocarril, transporte aéreo a partir da zona do Rio Diz, de que se falou como obra emblemática do Polis? António Saraiva diz que se trata de mais uma obra complementar da autarquia e "mantém-se". Mas, em seu entender, a viabilização do projecto, nada fácil e barato, depende, em grande medida, de a Câmara conseguir arranjar parceiros que queiram entrar na sua concretização.

Bloco de realojamentos com 12 T3

O director executivo do Polis Guarda garante que, em Maio, haverá intervenções no terreno. As primeiras obras à vista são a requalificação da avenida da Estação e a construção de um bloco de realojamentos com uma dúzia de T3 junto à estrada do Rio Diz. Trata-se de uma solução que está a ser negociada com moradores da zona em habitações "sem qualidade e sem condições para se manterem". Saraiva garante que se trata de "um processo pacífico na grande maioria dos casos", uma vez que se propõe aos moradores manterem-se onde vivem e em melhores condições.
Na antiga fábrica de lavagem de lãs dos Tavares, no Rio Diz, ficará localizado o Centro de Interpretação da História de Portugal, Centro de Artesanato e Arquivo Municipal Concelhio.
António Saraiva assegura que o plano de obras vai ser cumprido, de acordo com os compromissos, estando a decorrer o processo de expropriações dos terrenos, a maior parte "através de negociações amigáveis". Em relação às críticas de "mal preparado plano do Polis Guarda", por parte dos vereadores do PSD no Executivo, Saraiva apenas diz que com os projectos de execução serão feitos os acertos que se acharem convenientes. De uma coisa parece certo: "Tudo estará pronto em Junho de 2004".
O arquitecto acredita que o compromisso estatal face ao Polis é irreversível, tendo em conta que foi considerado um dos melhores programas a nível europeu para a requalificação das cidades. A situação financeira do ministério do Ordenamento, Ambiente e Cidades terá isto em conta? É a dúvida que se coloca, depois da Direcção-Geral do Tesouro já ter alertado, segundo "O Independente" da passada sexta-feira, que não há dinheiro para a sua viabilização e no PSD dizem que as prioridades dependem da disponibilidade financeira.

Túnel junto à Sé em estudos

A primeira ideia sobre eventual construção de um parque subterrâneo, na Praça Velha, criou grande controvérsia na classe política local, tendo sido afastada. Estão agora a decorrer estudos geotécnicos e respectivo levantamento topográfico para a construção de um túnel viário desde o meio da rua 31 de Janeiro saindo junto à Igreja da Misericórdia. A intenção, segundo António Saraiva, é retirar o trânsito da superfície naquela zona nobre da cidade, a que está previsto juntar todo o arranjo urbanístico da Praça Velha, de modo a devolver o centro histórico aos peões e criar melhores condições de fluidez de veículos.
Está previsto que o estudo geral da solução seja entregue, durante o mês de Junho, à Comissão de Acompanhamento da Intervenção Polis onde será analisada.