Está encontrada uma saída para a crise
da Desportiva da Guarda. É esta a convicção
da comissão de gestão do clube, eleita em
finais do ano passado para resolver o problema de um passivo
na ordem dos 230 mil contos.
Dentro de um mês, a Câmara vai disponibilizar
um terreno na rotunda da Viceg, na entrada para o Parque
Industrial, para que aí possa ser instalada uma
estação de combustíveis que "garanta
rendimento continuado para o futuro". Fernando Badana,
membro da comissão, dá conta desta garantia
assumida esta segunda-feira pela presidente do município
Maria do Carmo Borges, durante uma reunião. Assim
que se consumar formalmente a cedência - na modalidade
de direito de superfície para impedir alienações
como no passado - é lançado um concurso
público para a recepção de propostas
de gasolineiras, com vista a futura exploração.
Badana não tem dúvidas de que não
faltarão concorrentes, face à localização
estratégica do terreno, o que representa um encaixe,
à cabeça, de valores na ordem dos 80 mil
contos a que se junta uma percentagem vitalícia
por venda de litro de combustíveis, entre outras
benesses a negociar em função da infra-estrutura
de serviços que vier a nascer.
Logo que seja dada luz verde a esta cedência, que
está condicionada pela revisão do loteamento
do Parque Industrial (ver caixa), o porta-voz da comissão
de gestão garante que o clube "tem futuro
assegurado", sem grandes sobressaltos. Isto porque,
a confirmar-se, Miguel Matias, antigo dirigente a quem
o clube deve 85 mil contos, "está disponível
para reduzir a dívida em mais de 50 por cento"
e pagamento faseado a longo prazo do restante, pondo fim
ao processo litigioso em tribunal.
Outro problema para resolver é a dívida
às Finanças que ascende a 80 mil contos.
A comissão de gestão deu todos os passos
junto da Direcção Geral, e outras entidades,
para que sejam perdoadas as respectivas coimas e juros
acumulados bem como obter autorização para
suportar o resto da dívida de forma faseada. "Estamos
à espera de resposta", adianta Fernando Badana.
Assembleia geral em Maio
Perspectivando-se estes cenários, que significam
o desafogo de uma pesada herança, o responsável
está em crer que há condições
para que regresso ao futebol de competição,
já no próximo ano. Isto se a Associação
de Futebol da Guarda levantar uma coacção
que impôs ao clube, até 2003, por não
ter inscrito a equipa a tempo o ano passado, e permitir
a inscrição.
Para além do futebol profissional, a comissão
de gestão tem um plano de actividades que inclui
torneios com estudantes e a prática de modalidades
como o voleibol, atletismo e ginástica.
A solução para a sede social da Desportiva
passa pelas novas instalações de apoio ao
Estádio Municipal, por baixo das bancadas, devendo
a actual, na rua Comandante Salvador do Nascimento, ser
rentabilizada através de arrendamento.
Estas novas questões vão ser apresentadas
aos sócios em Assembleia-geral, que decorre no
próximo mês de Maio, "já com
informações concretas", adianta Fernando
Badana para quem dessa reunião magna deve sair
uma direcção eleita que reuna plenos poderes
para prosseguir com os objectivos, para além da
mera gestão corrente. Ou, caso contrário,
que os sócios deleguem esses direitos na comissão
de gestão para que esta possa comprometer-se com
contratos de negócios.
Pessoalmente, Badana admite vir a ser candidato à
direcção "de modo a dar continuidade
a tudo e ir até ao fim". Em seu entender,
apesar do cepticismo que tem rodeado este polémico
processo desde que é conhecido o passivo, "há
condições para se recuperar o clube e lançar
as bases para um desenvolvimento sustentado".
Aproveita para dizer que o alegado interesse do empresário
covilhanense, Costa Pais, em salvar a Desportiva, assumido
publicamente depois de conhecida a grave situação
financeira, "não passou de um bluff"",
uma vez que nada andou nesse sentido.
Fernando Badana considera ainda um "balde de água
fria", o facto de Manuel Rodrigues ter renunciado
enquanto advogado do Clube, no processo em litígio
com Miguel Matias. Ouvido por "O Interior",
o jurista justifica que se afastou porque havia prazos
do processo a cumprir não tendo conseguido, depois
de várias tentativas, contacto com qualquer representante
da Desportiva.
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